quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Vidas Secas-Graciliano Ramos
Resumo:
Os participantes da história são: Fabiano o chefe da família, homem rude e quase incapaz de expressar seu pensamento com palavras; Sinhá Vitória, sua mulher com um nível intelectual um pouco superior ao do marido que a admira por isto; O menino mais novo quer realizar algo notável para ser igual ao pai e despertar a admiração do irmão e da Baleia, a cadela; O menino mais velho sente curiosidade pela palavra "inferno" e procura se esclarecer com a mãe, já que o pai é incapaz; A cadela, Baleia, e o papagaio completam o grupo de retirantes, na história; Representando a sociedade local, na história, estão o soldado amarelo, corrupto e arbitrário, impõe-se ao indefeso Fabiano que o respeita por ser representante do governo; Tomás da Bolandeira, dono da fazenda, onde a família se abrigou durante uma tempestade, e homem poderoso da região que impõe sua vontade.
A comunicação é rara e ocorre quando o pai ralha com o filho e esse procedimento é uma constante no livro. Há uma intenção do autor de não dar nome aos meninos, para evidenciar a vida sem sentido e sem sonhos do retirante. "Ainda na véspera eram seis viventes, contando com o papagaio. Coitado, morrera na areia do rio, onde haviam descansado, à beira duma poça: a fome apertara demais os retirantes e por ali não existia sinal de comida. Baleia jantara os pés, a cabeça, os ossos do amigo, e não guardava lembrança disto." II - Fabiano "Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada.
E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro. Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara - se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado." Contente dizia a si mesmo: "Você é um bicho, Fabiano." Mostra o homem embrutecido, mas capaz de auto-análise. Tem consciência de suas limitações e admira quem sabe se expressar. "Admirava as palavras compridas da gente da cidade, tentava reproduzir algumas em vão, mas sabia que elas eram inúteis e talvez perigosas." III - Cadeia Na feira da cidade o soldado convida Fabiano para jogar baralho e depois desentende-se com ele e o prende arbitrariamente. A figura do soldado amarelo simboliza o governo e, com isto, o autor quer passar a idéia de que não é só a seca que faz do retirante um bicho, mas também as arbitrariedades cometidas pela autoridade. Ao fim do capítulo ele toma consciência de que está irremediavelmente vencido e sem ilusões com relação á sorte de seus filhos. "Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai.
Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo." IV - Sinhá Vitória Enquanto o marido aspira um dia saber expressar-se convenientemente, a mulher deseja apenas possuir uma cama de couro igual a do seu Tomás da bolandeira, fazendeiro poderoso que é uma referência. Ela recorda a viagem, a morte do papagaio, o medo da seca. A presença do marido lhe dá segurança. V - O Menino Mais Novo Quer ser igual ao pai que domou uma égua e tenta montar no bode caindo e sendo motivo de chacota de irmão e da Baleia. O sonho do menino é uma forma de resistência ao embrutecimento, tal como a mãe que sonha com a cama de lastro de couro. VI - O Menino Mais Velho As aspirações da família são cada vez mais modestas. Tudo que o menino mais velho desejava era uma amizade e a da Baleia já servia bem: "O menino continuava a abraçá-la. E Baleia encolhia-se para não magoa-lo, sofria a carícia excessiva." VII - Inverno É a descrição de uma noite chuvosa e os temores e devaneios que a chuva desperta na família.
Eles sabiam que a chuva que inundava tudo passaria e a seca tomaria conta de suas vidas novamente. VIII - A Festa É um dos capítulos mais tristes. É natal e a família vai à festa na cidade. Fabiano compara-se com as pessoas e se sente inferior. Depois da missa quer ir às barracas de jogo mas a mulher é contra porque ele bebe e fica valente. Acaba pegando no sono na calçada e em seus sonhos os soldados amarelos praticam arbitrariedades. A família toda sente a distância que os separa dos demais seres.
Sinhá Vitória refugia-se no devaneio, imaginando-se com a cama de lastro de couro. IX - Baleia É um capítulo trágico. O autor faz uma humanização da cadela Baleia. Ela parece doente e será sacrificada. Desconfiada, tenta esconder-se. Não entende porque estão querendo fazer isso com ela. Já ferida ela espera a morte e sonha com uma vida melhor. Na história, a Baleia e sinhá Vitória são as personagens que conseguem expressar melhor os seus anseios. X - Contas Fabiano tem de vender ao patrão bezerros e cabritos que ganhou trabalhando e reclama que as contas não batem com as de sua mulher.
Revolta-se e depois aceita o fato com resignação. Lembra que já fora vítima antes de um fiscal da prefeitura. O pai e o avô viveram assim. Estava no sangue e não pretendia mais nada. XI - O Soldado Amarelo É uma descrição dessa personagem. Ele aparece como é socialmente e não como é profissionalmente. A sua força vem da instituição que representa. Mais fraco fisicamente, arbitrário e corrupto, acovarda-se ao encontrar-se à mercê de Fabiano na caatinga. Fabiano vacila na sua intenção de vingança e orienta o soldado perdido. A figura da autoridade constituída é muito forte no inconsciente de Fabiano. XII - O Mundo Coberto de Penas O sertão iria pegar fogo. A seca estava voltando, anunciada pelas aves de arribação. A mulher adverte que as aves bebem a água dos outros animais. Fabiano admira-se da inteligência da mulher e procura matar algumas que servirão de alimento. Faz um apanhado da suas desgraças. O sentimento de culpa por matar a Baleia não o deixa.
"Chegou-se á sua casa, com medo, ia escurecendo e àquela hora ele sentia sempre uns vagos tremores. Ultimamente vivia esmorecido, mofino, porque as desgraças eram muitas. Precisava consultar Sinhá Vitória, combinar a viagem, livrar-se das arribações, explicar-se, convencer-se de que não praticara uma injustiça matando a cachorra. Necessário abandonar aqueles lugares amaldiçoados. Sinhá Vitória pensaria como ele." XIII - Fuga A esposa junta-se ao marido e sonham juntos. Sinhá Vitória é mais otimista e consegue passar um pouco de paz e esperança. O livro termina com uma mistura de sonho, frustração e descrença.
Fabiano mata um bezerro, salga a carne e partem de madrugada. "E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias. Eles dois velhinhos, acabando-se como uns cachorros, inúteis, acabando-se como Baleia. Que iriam fazer? Retardaram-se temerosos. Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos."

Contexto Histórico:
Modernismo brasileiro/ Prosa Regionalista de 30. Segunda fase do Modernismo, em que se encontra uma
prosa comprometida com a problemática nordestina (seca, miséria, exploração, coronelismo, cangaço e
fanatismo religioso). Momento de grandes tensões políticas, entre elas a questão do comunismo, do qual fez
parte o escritor e por causa do qual esteve preso.

Personagens:
Fabiano – Nordestino pobre, marido de Sinhá Vitória, pai de dois filhos. Procura trabalho desesperadamente, bebe muito e perde dinheiro no jogo. Possui grandes dificuldades linguísticas  mas é consciente delas. Homem bruto com dificuldade de se expressar possui atitudes selvagens. Por não saber se expressar entra num processo de isolamento, aproximando-se dos animais, com os quais se identifica melhor.

Sinhá Vitória – Mulher de Fabiano, sofrida, mãe de dois filhos, lutadora, sonhadora e inconformada com a miséria em que vive, trabalha muito. É a mais inteligente de todos controlando assim as contas e os sonhos de todos.

Filho mais novo e Filho mais velho – São crianças pobres e sofridas que não tem noção da miséria em que vivem. O mais novo vê no pai um ídolo, sonha sobressair-se realizando algo, enquanto o mais velho é curioso, querendo saber o significado da palavra inferno, desvendar a vida e ter amigos.

Baleia – Cadela da família, tratada como gente, humanizada em vários momentos e muito querida das crianças.

Soldado Amarelo – Corrupto oportunista e medroso, o Soldado Amarelo é símbolo de repressão e do autoritarismo pelo qual é comandado (ditadura Vargas), porém não é forte sozinho; sem as ordens da ditadura, é fraco e acovarda-se diante de Fabiano.

O dono da fazenda – Contrata Fabiano para trabalhar em sua fazenda, desonesto, explorava seus empregados.

O fiscal da prefeitura – Intolerante e explorador.

Tomás de Bolandeira - Aparece somente por meio de evocações, é tido como referência por Fabiano e Sinhá Vitória.

Seu Inácio – Dono do bar.

Opinião:
Nos achamos que o livro retrata muito bem a vida como realmente é a vida no nordeste e como as pessoas convivem, muito legal, pois podemos conhecer melhor sobre o que realmente acontece em outros lugares.

Nomes:
Pamela Carolina Nº35
Thatielle Nº39
Isabela Martin Nº14
Julia Bueno Nº18




terça-feira, 9 de outubro de 2012

Como Fazer Resumos


Resumir é apresentar de forma breve, concisa e seletiva um certo conteúdo. Em um resumo você vai colocar com poucas palavras as idéias que o autor desenvolveu ao longo de um texto. Um resumo permitir recuperar rapidamente idéias, conceitos e informações, tornado mais fácil de entender, pois saberá encontrar num texto as idéias mais importantes.
Um resumo deve ser:
  • Breve e conciso: no resumo de um texto, por exemplo, devemos deixar de lado os exemplos dados pelo autor, detalhes e dados secundários.
  • Pessoal: um resumo deve ser sempre feito com suas próprias palavras. Ele é o resultado da sua leitura de um texto.
  • Logicamente estruturado: um resumo não é apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve trazer as idéias centrais (o argumento) daquilo que se está resumindo. Assim, as idéias devem ser apresentadas em ordem lógica, ou seja, como tendo uma relação entre elas. O texto do resumo deve ser compreensível.

Existem vários tipos de resumo. Antes de fazer um resumo você deve saber a que ele se destina, para saber como ele deve ser feito. Em linhas gerais, costuma-se dizer que há três tipos usuais de resumo: o resumo indicativo, o resumo informativo e o resumo crítico (ou resenha).
Resumo Indicativo
Indica apenas os pontos principais do texto, não apresentando dados qualitativos, quantitativos, etc.
Resumo Informativo
Informa suficientemente ao leitor, para que este possa decidir sobre a conveniência da leitura do texto inteiro. Expõe finalidades, metodologia, resultados e conclusões.
Resumo crítico (resenha)
Resumo redigido por especialistas com análise interpretativa de um documento.

Saber resumir as ideias expressas em um livro não é difícil. No entanto, existem alguns pontos que devem ser considerados no momento da construção do resumo:
  • A leitura de todo o livro é  essencial, pois assim se sabe do que se trata;
  • A releitura é tão importante quanto a primeira leitura, pois é neste momento que se fazem reflexões e se retira as ideias principais;
  • Ficar atento para os detalhes do texto e não utilizá-los no resumo como ideias principais;
  • Algumas obras permitem que se faça o resumo por partes, isso é o casso de livros que tenham mais de um capítulo ou partes;
  • Os diálogos dos personagens não aparecem no resumo;
  • As ideias do autor não devem ser discutidas ou criticadas no resumo;
  • O tamanho do resumo nunca deve ultrapassar vinte por cento da extensão do texto original;
  • Nunca use nos resumos as expressões “segundo o autor”, “o autor afirmou que”;
  • Ao término do resumo deve ser feita uma leitura com o intuito de observar a coerência entre o texto original e o resumo.

 Fontes:

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A Causa Secreta - Machado de Assis

A obra:

     "A Causa Secreta" é um conto escrito por Machado de Assis, publicado originalmente em 1885 na Gazeta de Notícias. É tido como um de seus clássicos mais sombris, e também um dos que caracterizam o extremo do mal na natureza e na sociedade.

Objetivo da Obra:

     Em 3ª pessoa, o narrador onisciente constitui uma notável caracterização psicológica em que revela, ao fazer o estudo do personagem Fortunato, o ápice do prazer que é conseguido na contemplação da desgraça alheia. O motivo do conto é explicar o verdadeiro sentido do termo "sadismo". Pouco a pouco Fortunato vai demonstrando tendências sádicas, torturando animais, fato que atordoa a esposa. Quando ela morre, Fortunato, o sádico, presencia o amigo beijar atesta da mulher e derreter-se em choro, saboreando o momento de dor do amigo que lhe traía.

Resumo:

     A narrativa aparentemente simples guarda um grande segredo ou uma grande causa secreta.
     O narrador onisciente inicia a narrativa relembrando o ano de 1861 quando a personagem Garcia, recém-formado em medicina, e a 1860, quando ainda estudante universitário, conheceu Fortunato.
     Garcia havia visto, uma vez, à porta da Santa Casa, outra no Teatro S. Januário onde se encenava um dramalhão cheio de facadas, imprecações e remorsos.
     As cenas despertavam em Fortunado uma atenção especial, um grande interesse. No entanto, estranhamente, quando se inicia a parte principal da peça, recheada de risos, ele se retira do recinto.
     Semanas depois, Garcia volta a encontrá-lo quando do episódio de um esfaqueado, para o qual Fortunato dedica atenção e ajuda especial durante o seu estágio crítico.
     A vir médico e polícia, fica o rapaz agredido sabendo que quem o salvou chama-se Fortunato Gomes da Silveira, solteiro e morador no Catumbi. Quando o ferido, de nome Gouveia, melhora e tenta mais tarde agradecer o obséquio daquele homem justo e bondoso, é recebido com frieza e indiferença.
     Não conseguindo entender fica o homem ressentido.
     “Foi assim que o próprio benfeitor insinuou a este homem o sentimento da ingratidão.”
     Tempos depois, Garcia volta a encontrar-se com Fortunato que o convida a jantar em sua casa, com sua esposa, pois está casado há quatro meses. Durante o jantar o jovem médico conta a Maria Luísa o feito caridoso do marido, este, porém, relata com humor e riso a visita que lhe fizera o homem socorrido.
     Maria Luísa ficou aborrecida com a zombaria do marido, mas reconfortada com os elogios do médico às raras qualidades de companheirismo e camaradagem de Fortunato.
Garcia acrescentou que Fortunato foi um excelente enfermeiro e concluiu que se algum dia fundasse uma casa de saúde o convidaria para esse cargo.
     Fortunato empolgou-se com a sugestão do amigo e propôs-lhe, imediatamente, uma sociedade.
     Apesar da recusa inicial, o jovem Garcia findou por aceitar a proposta e logo que se estabeleceu a clínica, Fortunato tornou-se o “administrador e chefe de enfermeiros, examinava tudo, ordenava tudo, compras e caldos, drogas e contas”.
     Fortunato dedicava-se integralmente aos doentes, principalmente para os que se encontravam em estado terminal, levando Garcia a concluir que a dedicação ao ferido que ele presenciara no passado não era um caso fortuito, mas assentava na própria natureza de Fortunato.
     A amizade entre os sócios se solidifica, Garcia passa frequentar assiduamente á residência de Fortunato e acaba apaixonando-se por Maria Luísa, num amor calado e resignado. Maria Luísa, por sua vez, percebe e mantém-se reservada.
     No começo de outubro ocorreu um incidente que mudará o rumo da narrativa. Fortunato interessara-se a estudar a anatomia e fisiologia, e ocupava-se fazendo experiências com cães e gatos, rasgando-os e queimando-os.
     Como os guinchos dos animais incomodavam o tratamento dos doentes, Fortunato transferiu o laboratório para sua residência, mesmo com o contragosto da esposa.
     Maria Luísa assistia esse comportamento do marido e desesperava-se.
     Um dia, porém, ela não aguentando mais, pede a Gouveia que interviesse e que ordenasse Fortunato cessar com tais experiências.
     Garcia promete falar ao marido e percebe que Maria Luísa tosse, mas a moça não permite ser examinada.
     Fortunato parece ter abandonado as experiências para a tranquilidade da esposa.
     Dois dias depois, a narrativa tornou-se mais crítica.
     Garcia vê Maria Luísa sair do gabinete do marido gritando “rato” e, quando ele entra surpreende Fortunato vingando-se através de torturas de um rato que supostamente teria roído documentos importantes. Fortunato cortava-lhe as patas e o rabo do bicho, uma a uma, queimando o toco em seguida com cuidado para que o animal não morresse de imediato, possibilitando, assim, o prosseguimento do castigo e maior prazer para o torturador.
     Maria Luísa havia pedido para Garcia interromper aquela cena, que foi a que justamente provocou o início do conto. A partir daí, encaminhamo-nos para o desfecho.
     Garcia tenta impedi-lo, “mas não chegou fazê-lo, porque o diabo do homem impunha medo, com toda aquela serenidade radiosa da fisionomia. [...] Vendo todo o processo até o fim, sem nada poder fazer, o médico conclui que Fortunato age assim pela necessidade de achar uma sensação de prazer, que só a dor alheia lhe pode dar”.
     A doença de Maria Luísa progride e desenvolve tuberculose. É quando seu marido dedica-lhe atenção especial, extremada no momento terminal, ao qual ela não resiste.
     O final do texto é crucial para a total compreensão da história.
     Durante o velório o médico recomenda ao marido que vá descansar. Fortunato vai dormir, mas acorda vinte minutos depois e retorna à sala onde Garcia vela o corpo.
     O viúvo chega bem no momento em que o médico levanta o véu e olha amorosamente para o rosto da amada morta e beija-a. Embora não tenha ciúmes o marido sente sua vaidade ferida por ter sido enganado e somente agora descobrir que Garcia amava sua esposa.
     Seu aborrecimento, porém, converteu-se em prazer ao ver o sofrimento do médico pela morte da amada.
     Gouveia ia dar um segundo beijo, mas não aguentou, entregando-se às lágrimas. 

Personagens:

- Fortunato: um senhor rico, casado e de meia-idade, que demonstra interesse pelo sofrimento, socorrendo feridos e velando doentes – mas, neste reside, na verdade, um sádico, que transformou a mulher e o amigo num par amoroso inibido pelo escrúpulo.

- Garcia: o protagonista, médico atencioso.

- Maria Luísa: mulher de Fortunato, calada, quieta.

Opinião do grupo:
     Achamos que é muito bom, pelo fato de Machado de Assis fazer uma crítica satírica à caridade hipócrita e uma observação profunda sobre o lado obscuro dos sentimentos humanos.

Bibliografia:


Nomes: 
Gabrielle Fernanda de Arruda Moura        n°09
Luiza Moreira                                             n°26
Beatriz Silva                                               n°40

Missa do Galo


Resumo
O narrador do conto Missa do Galo, de Machado de Assis, é Nogueira, um rapaz de dezessete anos de idade que veio ao Rio de Janeiro para o que chama de estudos preparatórios. É de Mangaratiba e está hospedado na casa do escrivão Menezes, viúvo de uma de suas primas e casado em segundas núpcias com Conceição, uma “santa”, que se resigna com uma relação extraconjugal do marido. Este dorme fora de casa uma vez por semana dizendo que vai ao teatro. Vivem na casa, ainda, D. Inácia, mãe de Conceição , e duas escravas. A história se passa na véspera do Natal, uma daquelas noites em que o escrivão se ausenta de casa. Nogueira iria com um vizinho à missa do galo e combinou acordá-lo à meia-noite. Decide esperar já pronto, na sala da frente, de maneira a sair sem acordar as pessoas d! a casa. Está lendo um romance, Os três mosqueteiros, quando ouve um rumor e passos. É Conceição. Começam a conversar, falam de assuntos variados, o tempo vai passando; a conversa prolonga-se, emendam os assuntos, riem, aproximam-se e falam baixo para não acordarem D. Inácia. Finalmente, invertendo a combinação, o vizinho grita na rua que é hora da missa do galo. Nogueira sai. No dia seguinte, Conceição está como sempre foi, sem que nada possa lembrar a Nogueira a conversa da noite. No Ano Novo, ele vai para Mangaratiba. Ao retornar, em março, para o Rio de Janeiro, o escrivão havia morrido. Nunca mais encontrou Conceição, sabendo depois que ela havia se casado com o escrevente do marido. O conto se inicia de forma significativa : “Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta.” O ponto de vista é de Nogueira, esse adolescente que está descobrindo o mundo , se deparando com situações desconhecidas , com o mundo da Corte,! com o mundo dos adultos e que vai ter um encontro surpreendente e enigmático com uma mulher, Conceição. Para ele que veio da roça, é a descoberta desse mundo novo que surge como significação para o título Missa do Galo. A referência religiosa é enganosa, sendo outro o interesse de Nogueira pela missa. Diz ele : “eu já devia estar em Mangaratiba, em férias, mas fiquei até o Natal para ver a missa do galo na Corte” (p. 606). E adiante : “aqui [no Rio de Janeiro]há de haver mais luxo e mais gente também”(p. 608). As falsas pistas criam o caráter enigmático da escrita machadiana. Esse caráter vai se apresentar também para o próprio personagem de Nogueira que, ao longo do texto, vai se deparar com diversas situações que se mostram desconhecidas para ele em sua descoberta do mundo e que ele deverá decifrar. É o que ocorre com relação ao escrivão quando este diz certa noite que irá ao teatro. Estimulado pela curiosidade, o estudante lhe pede para levá-lo com ele. O silêncio de Menezes, ! os risos das escravas e a careta de D. Inácia fazem-lhe compreender que há algo de estranho , um código novo que precisa decifrar. O código social com sua distribuição de poderes e papéis vai se evidenciando para o estudante de várias maneiras. Significativa é a distribuição das chaves da casa : “Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão , eu levaria a outra, a terceira ficava em casa.”(idem) A chave de uma casa é o símbolo do poder de dominar a passagem entre a casa e a rua . No conto , a primeira chave pertence ao escrivão , o dono da casa , aquele que possui o domínio da rua. Ao elaborar uma sociologia da nossa identidade , Da Matta utiliza a oposição entre a rua e a casa como um instrumento de análise do mundo social brasileiro. Mostra-nos que “a rua indica basicamente a ação”, é o lugar dos imprevistos, dos acidentes e das paixões” (p. 70) sendo também, mais especificamente neste caso, o lugar do “teatro”, da traição. A segunda chave está provisoriamente com Nogueira! . Com sua função intermediária, o estudante efetua o contato entre dois mundos, da roça e da Corte, da infância e da adultidade, da rua e da casa. “A terceira [chave] ficava na porta”, relata o narrador. Não pertence a ninguém, simplesmente é da casa. Como uma chave imóvel, permanentemente na porta, ela é aberta para deixar alguém entrar, não para sair. Delimita, assim, uma área de trânsito possível para a mulher, definindo-se dessa maneira seu lugar e função, no caso, a permanência na casa, os cuidados do lar. Embora a condição feminina tenha em grande parte se modificado na atualidade, ainda é muito comum mulheres contemporâneas com a função tácita de cuidar da porta da casa. Os filhos e/ou o marido podem sair sem a chave porque contam com o fato de que a mulher está em casa para que possam entrar. A casa é o lugar do silêncio , do controle, como aponta Da Matta, e também o lugar da passividade e da obediência(p.71). A situação de reclusão determina que o mundo fora de casa seja pa! ra a mulher burguesa um mundo pouco conhecido, ao qual ela tem pouco acesso. Um dos acessos possíveis é através da fantasia . É o que se observa num fragmento de diálogo entre Nogueira e Conceição . Ele diz : “- … [então] a senhora nunca foi à casa de barbeiro… Mas imagino que os fregueses, enquanto esperam, falam de moças e namoros” (p.610), responde Conceição. Uma outra forma de contato com o mundo exterior é a literatura : “- Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros. Justamente : é muito bonito. Gosta de romances? Gosto. Já leu a Moreninha? Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba. Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo. Que romances é que você tem lido?”(p.608) Dentro da casa , há o quarto, onde o silêncio se transforma em insônia. O sofrimento pela relação extraconjugal do marido foi seguido pela resignação : “Menezes trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a principio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se.”(idem) . Sofrimento, silêncio, resignação , insônia. O episódio a que o narrador se refere no início do conto se passa em outro lugar – a sala de visita, um local intermediário entre a casa e a rua. Da Matta mostra como determinadas peças da casa , tais como a sala de visitas , a varanda e as janelas, são espaços ambíguos , situados entre o mundo interior e exterior, permitindo uma comunicação entre aqueles que estão dentro e os que estão fora (p.71). Barthes , ao estudar o teatro raciniano, mostra que os espaços ambíguos são lugares da espera e a ação que neles se passa tem uma temporalidade peculiar. Nesse teatro onde se desenrolam situações trágicas envolvendo grandes lutas de poder e intensas histórias de paixão, as peças intermediárias – especificamente o vestíbulo – estão a meio caminho entre o mundo exterior, lugar da ação, e o quarto, espaço do silêncio, sendo ele o lugar da linguagem, l! inguagem que marca o limite trágico do herói clássico(p.10) . Por não ser o senhor de seus atos , é ela que lhe resta, uma linguagem que o conduz a uma espera. Embora numa ambiência de menor passionalidade, no conto Missa do Galo, também ocorre uma situação de espera instaurando uma temporalidade diferente na qual o pragmatismo fica em segundo plano. É claro que aqui a espera não é, como no teatro de Racine, a expectativa trágica diante dos jogos de poder e da impotência humana mas, sim, uma espera que permite fugir, por um intervalo de tempo, das convenções sociais, que possibilita deixar a vida cotidiana de lado e parar de agir. As ações no início são pontuais : “A família recolheu-se à hora de costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto.” E um pouco adiante : “Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene (…)trepei-me ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras” (p.606). Mas vai ocorrendo uma transformação e! elas ganham duração. O tempo verbal predominante passa do pretérito perfeito para o imperfeito : “Dentro em pouco estava completamente ébrio de Dumas” (idem). É importante observar que essa mudança é deflagrada pela leitura que Nogueira faz de Os Três Mosqueteiros , sendo, portanto, a literatura o catalisador dessa transformação que também atua sobre a percepção temporal. Nogueira torna-se incapaz de distinguir a passagem do tempo : “Os minutos voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um acaso” (idem). Nesse momento se dá a aparição de Conceição. Nogueira ouve seus passos e a vê, fecha o livro e se inicia a conversa entre eles. Persiste o efeito de duração das ações : “Comecei a dizer-lhe os nomes de alguns [romances]. Conceição ouvia-me com a cabeça reclinada no espaldar” (p.608). Há certamente um ritmo, mas um ritmo lentificado , que faz esquecer a preocupação com a hora e com os compromissos. “A conve! rsa reatou-se assim lentamente, longamente, sem que eu desse pela hora nem pela missa”. São profusas as expressões adverbiais de tempo que além de denotarem a duração possuem um caráter de imprecisão : “Parava algumas vezes examinando”(idem); “Pouco a pouco, tinha-se inclinado”(idem); “De quando em quando reprimia-me”(p.609). A conversa, portanto, a linguagem, toma a cena principal ocorrendo uma espécie de paralisia que impede as ações : “a idéia (..) da missa , lembrou-me que podia ser tarde e quis dizê-lo . Penso que cheguei a abrir a boca, mas logo a fechei” (p.610). O discurso dos personagens abandona o encadeamento lógico característico dos processos secundários aproximando-se da associação livre própria ao tratamento psicanalítico :”continuei a dizer o que pensava das festas da roça e da cidade e de outras cousas que me iam vindo à boca. Falava emendando os assuntos, sem saber por que, variando deles ou tornando aos primeiros” (p.609) . Toda a cena se passa numa atmosfera! especial , proporcionada por uma situação de exceção: uma hora intermediária , um lugar intermediário, um personagem intermediário . Torna-se possível o alívio das convenções sociais, torna-se possível a irrupção do recalcado. E ocorre então a transformação de Conceição. Inicialmente esta era definida como “a santa”, e aí novamente o religioso encobre um outro significado, no caso, o caráter de resignação : “fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido” (p. 606). Acompanhamos uma transformação progressiva. De uma sombra, de um vulto :”Um rumor que ouvi dentro veio acordar-me. Eram uns passos no corredor que ia da sala de visitas à de jantar; levantei a cabeça; logo depois vi assomar o vulto de Conceição.”(p.606; os grifos são meus) passa a ser um corpo e alguém que é capaz de fazer gestos : “Em seguida, vi-a endireitar a cabeça, cruzar os dedos, e sobre eles pousar o queixo, tendo os cotovelos nos braços da cadeira, tudo sem desviar os grandes olhos despe! rtos” (p.608). Conceição passa de alguém com “um temperamento moderado, sem extremos, sem grandes lágrimas, nem grandes risos”(p.606), para alguém capaz de rir, sonhar, de falarde suas reminiscências, adquirindo um passado, uma vida: “Tal foi o calor de minha palavra que a fez sorrir” (p. 608) “Riu-se da coincidência”(p.609) “Conceição parecia estar devaneando”(p. 611). “Em seguida, referia umas anedotas de baile, uns casos de passeio, remiscências de Paquetá” (p.610). Passa da passividade : “Tudo nela era atenuado e passivo”(p. 606), para a atividade : num dos momentos em que o estudante faz menção de se levantar ela o impede retendo-o : “- D. conceição, creio que vão sendo horas, e eu … Não, não, ainda e’ cedo. Vi agora mesmo o relógio, são onze e meia. Tem tempo.”(p. 608) Ela ganha sensualidade e todo o seu corpo se faz presente : “Conceição ouvia-me com a cabeça reclinada, enfiando os olhos por entre as pálpebras meio cerradas, sem os tirar de mim”(idem). “De vez em quando! , passava a língua pelos beiços, para umedecê-los”(idem) Conceição se apresenta, assim, como uma mulher, uma mulher sensual , uma mulher que se revela, ou melhor, que se desvela em contraposição ao velamento, que aparece – no sentido de aparição dentre o vulto. Essa aparição se dá no mesmo compasso do encontro que se realiza entre ela e Nogueira. A aproximação se faz fisicamente e é progressiva. Inicialmente :”ela foi sentar-se na cadeira que ficava defronte de mim, perto do canapé”(p.607). Depois : “E não saía daquela posição que me enchia de gosto, tão perto ficavam as nossas caras”(p.609). Um pouco adiante :”Deu a volta à mesa e veio sentar-se do meu lado” (idem). Em seguida foi a vez de Nogueira aproximar-se : “Fui sentar-me na cadeira que ficava ao lado do canapé”(idem) E finalmente : “pôs a mão em meu ombro, e obrigou-me a estar sentado. Cuidei que ia dizer alguma coisa; mas estremeceu, como se tivesse um arrepio de frio, voltou as costas”(p.610). A sensualidade de Conceição se! revela na medida em que ela é percebida e reconhecida por Nogueira , isto é, ela resulta desse encontro : “não estando abotoadas, as mangas, caíram naturalmente e eu vi-lhe metade dos braços, muito claros , e menos magros do que se poderiam supor. A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele momento, porém, a impressão que tive foi grande”(p.608-9). Nogueira, portanto, a vê com outros olhos, o que alimenta a revelação de Conceição. A beleza de Conceição aparece : “em certa ocasião, ela, que era apenas simpática, ficou linda, ficou lindíssima”(p.610). Há em Nogueira um encantamento em relação a Conceição , tomando ela consciência de sua sensualidade, do que é capaz de provocar no outro, parecendo saborear essa percepção . “Uma dessas vezes creio que deu por mim embebido na sua pessoa, e lembra-me que tornou a fechar [os olhos], não sei se apressada ou vagarosamente”(p.609). Confinada aos limites da casa e às regras de comportamento próprias a uma senhora, Co! nceição adota a resignação, a conduta austera, a abolição da sensualidade. O contato com o estudante, forasteiro, em uma situação intermediária criou um mundo especial onde o racional foi posto em suspensão, de maneira a permitir a emergência do erótico. Como véus que vão sendo levantados fazendo surgir a sensualidade, a beleza, a fruição do desejo. Essa aparição só se torna possível pela presença de Nogueira. É ele que a vê, que a descobre, que, através do seu olhar, alimenta esse jogo de sedução e revelação. É seu olhar embevecido com tudo o que Conceição lhe traz de novo, de diferente, que permite a ela reconhecer-se mulher e saborear esse reconhecimento. Uma vez despertado da letargia provocada por aquele encontro, Nogueira foi para a igreja assistir à missa do galo. Mas lá “a figura de Conceição interpôs-se mais de uma vez” entre ele e o padre. E , no conto, acrescenta : “fique isso à conta dos meus dezessete anos” (p.611). Talvez seja próprio aos dezessete anos ter curiosidad! e, pouca arrogância, atributos necessários à abertura para a alteridade. Só na medida em que se reconhece em condição de falta, sua condição de incompletude, o sujeito pode movimentar-se em direção ao outro, em direção à riqueza da alteridade e estabelecer um jogo de sedução, aproximação, descoberta e encontro . Isto não é exclusivo nem obrigatório à adolescência, mas a crise peculiar a esse período , assim como outras crises vitais, provoca uma ruptura dos mecanismos habituais de velamento da angústia, colocando o sujeito numa instabilidade que o torna mais permeável à consciência da falta. Em Feminidade, Freud afirma que a constatação da castração feminina leva a mulher a três destinos possíveis : à neurose ou inibição sexual, à masculinidade ou ao que considera a feminidade normal, que consistiria na maternidade (p.155). Ao analisar a personagem de Carmem, principalmente das versões da década de 80 , Birman vê nesta um novo destino para a mulher diante da castração, qual seja a histericização, onde há uma “restauração do ser da mulher no registro do desejo” (p.93). Embora o termo não esteja presente no texto freudiano, Joel Birman o considera como conceito subjacente. Contrapõe-se ao que ocorre na histeria pois, enquanto nesta o desejo está esterilizado e congelado , na histericização há uma dignificação do erotismo que possibilita sua fruição (p. 95-96). É o que ocorre com Conceição , embora apenas por um período de tempo, um intervalo em sua vida. O final do conto abre para inúmeras possibilidades conduzindo para mais um enigma do texto. O que nos remete para o começo do conto , o enigma com que o narrador inicia o relato, um dos poucos enigmas apresentados no conto que não é elucidado. E que persiste , para o narrador, por muitos anos. A que se refere esse enigma? À Conceição ? Ao enigma da feminidade? Joel Birman afirma que a idéia de um enigma da feminidade tem como pressuposto a idéia de que a masculinidade seria algo translúcido e não enigm! ático, o que está longe de ser verdadeiro. Assim como existe um enigma feminino , existe um masculino e seria mais pertinente falar do enigma da diferença sexual (p.77). De fato, o próprio narrador parece considerar esse duplo aspecto pois, ao expor sua questão, ele absolutamente não se exclui. Pelo contrário, as duas expressões verbais da frase “nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora” têm como sujeito o pronome eu, oculto. Ele fala, portanto, de uma perplexidade diante desse fato inesperado, surpreendente, não planejado, no qual foi envolvido, conquistado, até se tornar participante desse encontro provisório entre um rapaz e uma mulher. O conto Missa do Galo , configura, em seu caráter enigmático, o que Umberto Eco denominou uma obra aberta. Segundo ele, “a obra de arte é uma mensagem fundamentalmente ambígua, uma pluralidade de significados que convivem num só significante” (p. 22). Embora esse caráter seja próprio a toda obra de arte, “a ambiguidade se torna -! nas poéticas contemporâneas – uma das figuras explícitas da obra”(idem). Os enigmas e as falsas pistas que vão sendo apresentados e parcialmente desvelados implicam uma participação do leitor na construção que se torna a leitura do texto. Estabelece-se um jogo fundado novamente na alteridade. A leitura torna-se um processo potencialmente infinito , provisoriamente enriquecido por seus diversos leitores-autores caracterizando uma “corrente narrativa” (Felman). Isto fica bastante claro na experiência lúdico-literária realizada por um grupo de autores brasileiros do século XX ao reescreverem o conto de Machado de Assis tomando , cada um deles, o ponto de vista de um dos personagens , recriando o texto e revelando novas e talvez insuspeitadas facetas.

Contexto Histórico
No conto “Missa do Galo” escrito por Machado de Assis, a narrativa se desenvolve a partir do
enlevo e da sedução que se dá entre as personagens Nogueira – um adolescente e Conceição – uma
jovem senhora. Produzido em meados do século XIX, o conto deixa explícitas as características do
contexto histórico-social no qual está inserido, afinal trabalha com a figura feminina mostrando-a sob a segunda perspectiva do comodismo, do preconceito e da submissão em relação ao homem. O enredo se refere a história da personagem Nogueira, um jovem de 17 anos que vai morar no Rio de Janeiro a fim de terminar seus estudos. Hospeda-se na casa do escrivão Menezes, que fora casado com uma de suas primas e agora vive com Conceição, sua segunda mulher, e dona Inácia sua sogra. Conceição, muito bondosa e passiva, facilmente suporta os esquecimentos do marido. Menezes, por sua vez, tem outra mulher e, um dia na semana, com a desculpa de ir ao teatro, dorme fora de casa. Em cada recriação do conto original, percebe-se, de forma incisiva e enfática, a representação da figura feminina. Nesse sentido, o enfoque das discussões está centrado na mulher e suas relações
sociais ao longo do tempo, a fim de evidenciar, por meio das divergências observadas em cada texto, a trajetória feminina entre os séculos XIX e XX e o poder de sedução da mulher. Sempre que se discutem questões relacionadas à mulher e ao seu comportamento, seja na literatura ou em quaisquer segmentos sociais, é bastante comum vê-la tratada, ao longo da história, como objeto de dominação masculina relegada à submissão e a inferioridade perante o poder do homem. É, portanto, como reprimida e obediente que  a mulher é caracterizada, especialmente até o final do século XIX e início do século XX, quando surge o pensamento feminista e, conseqüentemente, uma lenta e gradativa mudança na maneira de se ver e considerar a mulher socialmente. 

Análise da obra
O conto Missa do Galo de Machado de Assis, é publicado pela primeira vez em 1893, tendo sido incluído na primeira edição de Páginas Recolhidas, em 1899. 
Conto destacado na narrativa machadiana, os críticos e antologistas fazem questão de o incluir na maior parte das coletâneas de contos do príncipe da narrativa brasileira. No conto Missa do galo,  Machado de Assis substitui a amargura por uma doce melancolia.
É de se notar, nesse conto, as características mais presentes em Machado de Assis tais como: o tema do adultério e, mais especialmente na personagem Conceição, a análise psicológica e a ambiguidade de comportamento.


 Personagens

Nogueira - Estudante, 17 anos, ingênuo jovem do interior que vai ao Rio de Janeiro estudar preparatórios. Na ocasião, hospeda-se na casa de Meneses. 

Conceição - 30 anos, sabia das traições do marido, porém nada fazia. Por essa atitude, era considerada “santa” pelo narrador-personagem. Típico exemplo de mulher machadiana, é a fonte das perturbações do protagonista.

Meneses - Escrivão; marido de Conceição. Fora casado com uma das primas de Nogueira. Tinha uma amante (dizia que ia ao teatro). Morre de apoplexia. Não aparece no conto: somente é citado.

São citadas também duas escravas e a mãe de Conceição, que dormia no momento da conversa entre os dois personagens.

Enredo
Missa do Galo nos relata o diálogo, numa noite de Natal, entre um jovem e uma senhora casada e traída pelo marido. A história é contada sob a ótica do jovem Nogueira, intrigado com a conversa, ao mesmo tempo banal e misteriosa, envolta num clima de sensualidade. Praticamente nada acontece objetivamente entre os dois, mas o autor parece nos querer dizer que, onde nada acontece, tudo pode estar acontecendo subjetivamente e, para que o percebamos, é preciso apurar os ouvidos e ler nas entrelinhas as marcas do desejo não-explícito.

Conceição, a personagem feminina do conto, é a típica mulher machadiana, de comportamento ambíguo, misteriosa. Leia um trecho da descrição da personagem: “Pouco a pouco, (Conceição) tinha-se inclinado; fincara os cotovelos no mármore da mesa. Não estando abotoadas, as mangas, caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade dos braços, muito claros, e menos magros do que se poderiam supor. A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele momento, porém, a impressão que tive foi grande. A presença de Conceição espertara-me ainda mais que o livro.” 

Entretido pela conversa, o jovem Nogueira quase se esqueceu do horário da missa a que esperava assistir. Durante a cerimônia, o rapaz não conseguia se concentrar, pensando na figura de Conceição. No trecho final, informa: “Na manhã seguinte, ao almoço, falei da missa do galo e da gente que estava na igreja sem excitar a curiosidade de Conceição. Durante o dia, achei-a como sempre, natural, benigna, sem nada que fizesse lembrar a conversação da véspera. Pelo ano-bom fui para Mangaratiba. Quando tornei ao Rio de Janeiro, em março, o escrivão tinha morrido de apoplexia. Conceição morava no Engenho Novo, mas nem a visitei nem a encontrei. Ouvi mais tarde que casara com o escrevente juramentado do marido.” O contato entre o jovem ingênuo e a mulher madura, mais velha, vai ser retomado no conto Uns braços.

Opinião
O conto "Missa do Galo" é um ótimo conto. Lendo-o corretamente e com muita atenção, podemos notar que a marca da época retratada, era a submissão das mulheres em relação aos homens. 
No conto, Conceição é uma mulher casada, mas que é infeliz no casamento, devido as traições de seu marido. Uma vez por semana Meneses, o marido de Conceição, visitava uma amante que ele tinha; mas Conceição sabia disso e aceitava de boa vontade; achava até justo o marido ter uma amante. O que hoje em dia, é realmente um enorme absurdo.
Um dia, em época de natal, um amigo de seu marido, chamado Nogueira, foi passar uns dias na casa de Conceição e Meneses para poder ir a missa chamada missa do galo, missa de virada do natal, então, aguardando o horário da missa, Nogueira e Conceição acabaram conversando um pouco e meio que se interessando um pelo outro, mas logo Conceição se da conta do absurdo que está acontecendo e acaba com tudo, sendo um pouco menos ''atenciosa'' com Nogueira, um menino de apenas 17 anos. Então, essa história acaba com Nogueira indo a missa do galo e nada acontece entre ele e Conceição, a esposa de seu amigo.
Acredito que esse foi um ótimo final, até porque Conceição já era considerada uma senhora, comparando a idade dela com a de Nogueira.


Fontes:


Grupo: Nathalia Lopes Santos, nº 33

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Memórias de Um Sargento de Milícias

Resumo

O livro conta a história de Leonardinho, filho de Leonardo-Pataca e Maria da Hortaliça. O casal se conhece em uma viagem de navio de Portugal para o rio de Janeiro. E começam a namorar com “uma pisadela e um beliscão”. Ela fica grávida e Leonardo, que tem por padrinhos a parteira e um barbeiro, nasce no Rio de Janeiro. O compadre estava em débito com Maria da Hortaliça, porque, anos antes, em Portugal seu filho se envolvera com ela e eles não tinham se casado.
Leonardo Pataca descobre que estava sendo traído por Maria da Hortaliça e bate nela e no menino. A portuguesa volta para sua terra natal e Leonardinho é entregue aos cuidados de seu padrinho. O menino é muito travesso e é odiado pela vizinha, que diz que ele tinha “maus bofes”. O padrinho tem esperança que ele se torne padre e, para tanto, manda-o à escola, onde ele apanha muito.
Com o tempo o Leonardinho passa a fugir da escola para brincar. Ao fazer amizade com o sacristão da Sé, se oferece para ser sacristão também. Durante a missa, faz muitas travessuras e chega a fazer o mestre de cerimônias perder um sermão. Então, é expulso do cargo de sacristão e desmascara o padre, que tinha um caso com uma cigana. A mesma cigana se envolvera amorosamente com o Leonardo Pataca, tendo deixado esse último para ficar com o padre.
Leonardinho cresce e ele e seu padrinho começam a frequentar a casa de Dona Maria, uma rica senhora. Dona Maria adota sua sobrinha/afilhada Luisinha, por quem Leonardinho se apaixona. No entanto, Luisinha tem outro pretendente: José Manuel. A comadre tenta impedir que ele se aproxime de Luisinha, porque seria conveniente que Leonardinho se casasse com a menina. Enquanto disputam o amor de Luisinha, o padrinho de Leonardo adoece e morre.
Leonardo vai morar com seu pai, que está casado com Chiquinha, a filha da comadre. Ela e Leonardo não se dão bem e, uma noite, brigam por causa de uma almofada. A briga resulta na saída de Leonardinho de casa. O jovem vaga sem destino pelas ruas do Rio de Janeiro e encontra uma família que está fazendo uma súcia.
Essa família se constitui de duas senhoras irmãs, uma com três filhas e outra com três filhos. Uma das primas é “casada” com o amigo de infância de Leonardo, o sacristão da Sé. Por isso, Leonardo vai morar com essa família e se envolve amorosamente com uma das filhas, Vidinha, que era disputada por dois primos. Ele briga com os rivais por causa da moça, e, nesse momento, a comadre chega à casa e faz amizade com as duas senhoras. A comadre consegue para Leonardo um emprego na despensa real, onde ele conhece a mulher do toma-largura. Ele se envolve com ela, o que causa um escândalo e a sua demissão do cargo.
Vidinha briga com Leonardo e, na confusão, ele é capturado pelo major Vidigal.
No caminho para a prisão, Leonardo foge e faz o major passar por um grande vexame e resolver-se a prender o moço quando tiver oportunidade. O jovem se reconcilia com Vidinha e, em uma nova súcia, é preso pelo Vidigal, vítima de uma armação dos primos de Vidinha. A comadre, junto com dona Maria, pede ajuda à Maria Regalada, o amor da juventude do major. Ela o a soltar Leonardo e o faz sargento.
Com a morte de José Manuel, Leonardo volta a se encontrar com Luisinha, desejando se casar com ela. Ele pede para se tornar sargento de milícias, pois como sargento não poderia se casar. O Vidigal aceita, uma vez que Maria Regalada pede, e, após o tempo de luto, eles se casam.

Análise de enredo e personagens

Por ser originariamente um folhetim, publicado semanalmente, o enredo necessitava prender a atenção do leitor, com capítulos curtos e até certo ponto independentes, em geral contendo um episódio completo. A trama, por isso, é complexa, formada de histórias que se sucedem e nem sempre se relacionam por causa e efeito.
As aventuras e desventuras de Leonardo, que o autor faz desfilar diante dos leitores com dinamismo, conduzem o protagonista a apuros dos quais ele sempre se salva, graças a seus protetores. Leonardo é um personagem fixo no romance, suas características básicas não mudam.
Duas forças de tensão movem os personagens do romance: ordem e desordem, que se revelarão características profundas da sociedade colonial de então. A estabilidade social representa a ordem, enquanto a instabilidade se refere à desordem. Entretanto, isso não significa retidão. Dessa forma, o barbeiro, completamente adequado à sociedade, ao revelar as origens pouco recomendáveis de sua estabilidade financeira, evoca no seu passado a desordem. O polo da desordem é formado pelo malandro Teotônio, o sacristão da Sé e Vidinha. A acomodação dos personagens, tanto na ordem como na desordem, está sujeita a uma mudança repentina de polo, ou seja, não existe quem esteja totalmente situado no campo da ordem nem no da desordem. Não há, portanto, uma caracterização maniqueísta dos tipos apresentados.

Leonardo: É o protagonista. Desde pequeno sua mãe e seu padrinho adoravam suas malandrices, que ao longo do livro foram aumentando, e ele chega a ser preso por isso (o que também foi uma das razões por conseguir o cargo de sargento de milícias, que dá nome ao livro). Leonardo não gosta de trabalhar e só o faz após a morte de seu padrinho quando foge de casa e sua madrinha arruma um cargo para ele. Um típico anti-herói, Leonardo mesmo se apaixonando por Luisinha se envolve com Vidinha e com a mulher do toma-largura.
Maria da Hortaliça: Portuguesa mãe de Leonardo, camponesa namoradeira que fica grávida durante a travessia de navio para Portugal. Mora com Leonardo Pataca e o filho no Brasil por algum tempo, mas após trair o marido foge de volta para Portugal.
Leonardo Pataca: fora vendedor de roupas em Lisboa e, durante sua viagem ao Brasil, conhece Maria da Hortaliça, o que resultará no nascimento de Leonardo. Quando descobre que é traído, expulsa Maria da Hortaliça de casa e acaba fugindo, deixando Leonardo nas mãos do padrinho. Logo depois, se envolve com uma cigana e acaba se casando com Chiquinha, filha da parteira, que é a madrinha de Leonardo.
Compadre: Barbeiro. Vizinho de Leonardo e Maria, possui uma boa herança e, à primeira vista, aparenta ser muito honesto. Mas leva consigo o segredo do roubo da herança de um capitão para sua sobrinha. Passa a cuidar de Leonardo quando os pais o abandonam e vê nele um grande futuro como padre.
Comadre: Melhor parteira da região e madrinha de Leonardo, adora o garoto e sempre o defende tentando tirá-lo das confusões.
D. Maria: Rica e devota aos pobres D. Maria é uma mulher gorda, feia e viciada em demandas. Fica com a guarda de Luisinha quando seus pais morrem.
Luisinha: Primeiro amor de Leonardo, feia, pálida, sem graça e desajeitada. Por influência da tia, se casa com José Manuel, mas depois se torna esposa de Leonardo.
Major Vidigal: é o policial e juiz do enredo. Depois de ser publicamente humilhado por Leonardo, decide que é melhor tê-lo a seu lado do que como inimigo.
Vidinha: Mulata jovem e bonita que acaba seduzindo Leonardo.
Chiquinha: Filha da parteira, tem um filho com Leonardo-Pataca e se torna sua esposa, não gosta Leonardo e por causa dela ele acaba fugindo de casa.
Maria Regalada: Primeiro amor de Vidigal. Graças a ela, Leonardo sai da prisão e consegue o posto de Sargento de Milícias.
José Manuel: rival no amor de Luisinha, José Manuel é um caça-dotes, uma crítica à aristocracia portuguesa. Torna-se marido de Luisinha, mas a maltrata e acaba sendo atacado e morto.

Contexto Histórico

O livro começa com a seguinte frase: “Era no tempo do rei...”, nos passando que o tempo que o Brasil vivia na história recebia fortes influências do rei, portanto para entender o contexto histórico em que foi inserido o desenrolar da história deve-se entender a vinda da família real ao Brasil no século XIX. Essa fórmula também faz referência – e isso é mais relevante para entender a estrutura do romance – aos inícios dos contos de fada: “Era uma vez...”.
Portugal vivia num impasse com tantas brigas pela disputa da hegemonia da Europa, deveria decidir se aderia ao Bloqueio Continental estabelecido pela França, segundo o qual todos os países aliados ou ocupados pelas forças francesas não poderiam comercializar com a Inglaterra ou se deveria ignorar o Bloqueio e continuar o comércio com os ingleses, já que era seu principal aliado no comércio. Preferiu assim aderir às duas condições. A França, sabendo que mesmo Portugal aderindo o Bloqueio continuou a comercializar com a Inglaterra, tomou a decisão que suas tropas invadiriam o território de Portugal. Isso fez com que a família real portuguesa fosse para sua principal colônia, o Brasil.
Podemos também analisar o contexto em que foi publicado como sendo importante para o valor histórico do livro, assim Memórias de um Sargento de Milícias foi publicado em folhetim no Jornal Correio Mercantil, do Rio de Janeiro entre junho de 1852 e julho de 1853, e só mais tarde publicado em livros, como vemos atualmente.

Opinião do grupo


O livro é inovador por ter o primeiro herói malandro da literatura brasileira, além de seu contexto fugir dos padrões românticos da época. No entanto, o livro não tem uma organização clara das ideias: há personagens que somem da história ou aparecem inesperadamente, muitas vezes o narrador sugere o desenrolar de um episódio que não se concretiza etc. Embora isso deixe o leitor confuso, acaba sendo "camuflado" pela comicidade e ironia do livro, que nos leva a dar boas risadas. A leitura é agradável, a linguagem não é tão elaborada quanto a de outros livros do Romantismo. Imaginamos que o livro tenha feito e continue fazendo sucesso até hoje.


Referências


http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_413965.shtml






Grupo


Beatriz Uchôas n° 5
Giovana Bueno n° 11
Letícia Prado n° 24
Maíra n° 28
Maria Clara n° 29
Thiago Ebram n° 37
2° A

Iracema – José de Alencar
Personagens
Iracema: índia da tribo dos tabajaras, filha de Araquém, tinha sua virgindade consagrada a divindade por guardar o segredo da Jurema e é um anagrama de América.
Martim: guerreiro branco e amigo dos pitiguaras, adversários dos tabajaras.
Poti: herói dos pitiguaras e amigo de Martim.
Irapuã: chefe dos tabajaras e apaixonado por Iracema.
Caubi: índio tabajara e irmão de Iracema.
Jacaúna: chefe dos Pitiguaras, irmão de Poti.

Resumo da obra:
Martim se perde da tribo pitiguara durante uma caçada e se caminha sem rumo durante três dias, no interior das matas pertencentes à tribo dos tabajaras, Iracema se deparou com Martim. Amedrontada e surpresa, ela o fere no rosto com uma flechada e ele não reage. Arrependida, ela corre até Martim e lhe oferece hospitalidade. Martim é recebido na cabana de Araquém, onde, ao cair da noite, lhe são oferecidas as mais belas índias da tribo, surpreso por Iracema não estar entre elas, descobre que Iracema se mantém virgem para guardar o segredo da Jurema ( segredo da bebida oferecida ao pajé que ela deveria preparar).
Na mesma noite acontecia uma comemoração festiva recepcionando o grande chefe tabajara que comandaria a luta contra os pitiguaras. Aproveitando-se da escuridão, Martim decide fugir, mas encontra Iracema, aparentemente magoada, que lhe perguntou se alguém o havia feito algum mal para fugir assim. Arrependido, volta para a cabana e passa a noite sozinho.
Na manhã seguinte, os tabajaras se prepararam para a guerra contra os pitiguaras e Martim foi passear com Iracema, mas ele aparentava estar triste e Iracema lhe pergunta se é saudades da noiva e ele nega, mesmo com a negação, Iracema prometeu que ele veria a noiva novamente e deu-lhe uma bebida que ela preparou. Após tomar a bebida Martim adormeceu e sonho com Iracema, inconsciente ele pronunciou o nome da índia e abraçou, ela se deixou abraçar e os dois se beijaram.
Na manhã seguinte Martim anuncia que poderia partir logo e percebe Iracema um pouco triste e para fazê-la voltar è felicidade ele diz que vai ficar e amá-la. Mas Iracema o informa que quem se relacionasse com ela morreria, pois ela é filha do pajé e guarda  segredo da Jurema.
Martim então se despede de Iracema e parte com Caubi. Irapuã e mais cem guerreiros cerca os caminhantes para matar Martim. Mas Caubi se opõe e solta um grito que é ouvido por Araquém  e por Iracema, esta correu em direção a Martim e assistiu à cena tentando convencê-lo a fugir, mas ele se mantém calmo. Caubi provoca Irapuã para lutar com ele, a ponto de começarem a lutar, ouve-se um o som de guerra dos pitiguaras que vinham atacar os tabajaras. Chefiados por Irapuã, os índios correm para enfrentar o inimigo. Só Iracema e Martim não se movimentaram. Irapuã não encontra o inimigo, desconfia que Iracema forjou o grito de guerra para livrar Martim e vai encontrá-la na cabana de Araquém. Protegendo seu hóspede, o velho pajé ameaça matar Irapuã se relasse a mão em Martim. Para afastar Irapuã, Araquém provocou o ronco da caverna que os índios acreditavam ser a voz de Tupã.
Quando chega a noite, ouve-se um grito semelhante ao de uma gaivota, Iracema acreditar ser o sinal de guerra dos pitiguaras, mas Martim reconhece o som que era emitido por seu amigo Poti. A índia foi encontrar-se com Poti para lhe dizer que Martim iria com ele a fim de evitar um conflito das tribos inimigas. Antes de sair, o pai de Iracema lhe diz que é perigoso que Martim saia às claras pois pode ser seguido e sugere que Iracema o esconda no subterrâneo da cabana, vedado por uma grande pedra. Então Caubi entra na cabana e avisa a irmã e Martim que os tabajaras pretendiam matar o branco. Então Iracema o leva ao esconderijo e pede para que Caubi fique de guarda. No interior da caverna, Iracema e Martim ouviram a voz de Poti, embora sem vê-lo ele declara que está vindo sozinho para levar Martim. Combinaram que Martim fugiria ao encontro de Poti só na mudança de lua.
À noite, na cabana, sozinho ao lado de Iracema, Martim não consegue dormir então pede a índia um pouco de vinho para apressar o sono. Dormiu e sonho com Iracema, chamando-a, ela correu acordada para ele, ainda dormindo, sonhou que se abraçavam, sendo que Iracema o abraçou de verdade. Na manhã seguinte, Martim se afastou da moça, dizendo que só podia tê-la em sonho. Ela guardou o segredo do abraço real e foi banhar-se no rio, mal sabia Martim que Iracema havia acabado de perder a virgindade.
À noite, quando começou a festa da mudança da lua, Iracema foi a cabana buscar Martim e conduzi-lo a Poti. Iracema os acompanhou até o limite das terras tabajaras. Quando Martim insistiu para que ela voltasse para sua tribo, ela lhe revelou que não podia, pois já era sua esposa, surpreso, Martim ficou sabendo que tinha sido realidade o que sonhou. Ao escurecer, pararam a caminhada e Martim, passou a noite na rede com Iracema. Ao raiar do dia, Poti, preocupado, os chama, alertando que os tabajaras já o perseguiam, informação que ele colheu escutando as entranhas da terra. Envergonhado, Martim diz para Poti levar Iracema e o deixar só, pois merecia morrer, mas Poti diz que não vai o largar, Iracema concorda e continua com eles.
Irapuã e seus comandantes chegam ao local onde estavam os fugitivos. Correram também os pitiguras sob a chefia de Jacaúna. Travou-se o inevitável combate entre os pitiguaras e os tabajaras. Depois de várias mortes, soou o canto de vitória: Jacaúna e Poti haviam vencido. Os tabajaras fugiram e Iracema chorou ao ver seus irmãos mortos.
Poti retorna a sua taba, feliz por ter salvado o seu irmão branco. Iracema estava triste por ficar hospedada na tribo inimiga de seu povo, Martim, ciente disso, procura um lugar afastado para morarem. Acharam um local apropriado e se estabeleceram. Na nova rotina, Poti e Martim caçavam, Iracema colhia frutos, passeava pelos campos, arrumava a cabana, na expectativa da volta de Martim. Grávida, ela aguardava a hora do parto e não sentia mais contrariedade  por ter saído de sua nação. Com festas, Martim foi introduzido na tribo dos pitiguaras, adotando o nome de Coatiabo.
Com o passar do tempo, Coatiabo entrou em depressão, Iracema não o fascinava tanto. Certo dia, um índio, a mando de Jacaúna, foi até a região onde Poti, Iracema e Martim moravam e convocou Poti para a guerra contra os tabajaras. Martim fez questão de ir com o amigo. Partiram sem avisar Iracema e deixaram uma flecha de Martim, com um goiamum que acabara de abater com uma flor de maracujá entrelaçada  fincada no chão para que Iracema soubesse que partiram. Iracema percebeu que partiram e a partir daquele dia vivia triste a espera de Martim. Os dois guerreiros retornam vitoriosos graças a participação de Martim na luta. De novo em sua cabana, Martim e Iracema se amaram como no inicio do relacionamento, mas logo Martim começou a se afastar outra vez e Iracema vivia triste.
Um dia, apareceu no mar um navio dos guerreiros brancos que se aliariam aos tupinambás para lutarem contra os pitiguaras. Poti e Martim armaram uma estratégia de defesa e  atacaram o inimigo de surpresa.
Enquanto Martim estava em combate, Iracema teve seu filho, sozinha, e o chamou de Moacir, que significa filho da dor. Certa manhã, ao acordar, ela viu à sua frente Caubi, que vinha visitá-la, trazendo paz. Admirou a criança, porem surpreendeu-se com a tristeza da irmã, que pediu para que voltasse para junto de Araquém, velho e sozinho.
Iracema mantinha o filho nutrido, mas ela ficava sem apetite e sem força de tanta tristeza. Quando Martim retornou, Iracema só teve tempo de erguer o filho e apresentá-lo ao pai. Suas ultimas palavras foram que queria ser enterrada debaixo do coqueiro que ela tanto gostava. Depois desfaleceu e não se levantou mais da rede. O sofrimento de Martim foi enorme. O lugar onde enterrou Iracema veio a chamar Ceará.
Martim retornou para sua terra, levando o filho e quatro anos depois retornou ao Ceará, onde implantou a fé cristã. E a jandaia permanecia cantando no coqueiro, ao pé do qual Iracema foi enterrada.




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Ana Carolina Horta dos Santos Nº01
Gabriella Zan                            Nº08