sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A Causa Secreta - Machado de Assis

A obra:

     "A Causa Secreta" é um conto escrito por Machado de Assis, publicado originalmente em 1885 na Gazeta de Notícias. É tido como um de seus clássicos mais sombris, e também um dos que caracterizam o extremo do mal na natureza e na sociedade.

Objetivo da Obra:

     Em 3ª pessoa, o narrador onisciente constitui uma notável caracterização psicológica em que revela, ao fazer o estudo do personagem Fortunato, o ápice do prazer que é conseguido na contemplação da desgraça alheia. O motivo do conto é explicar o verdadeiro sentido do termo "sadismo". Pouco a pouco Fortunato vai demonstrando tendências sádicas, torturando animais, fato que atordoa a esposa. Quando ela morre, Fortunato, o sádico, presencia o amigo beijar atesta da mulher e derreter-se em choro, saboreando o momento de dor do amigo que lhe traía.

Resumo:

     A narrativa aparentemente simples guarda um grande segredo ou uma grande causa secreta.
     O narrador onisciente inicia a narrativa relembrando o ano de 1861 quando a personagem Garcia, recém-formado em medicina, e a 1860, quando ainda estudante universitário, conheceu Fortunato.
     Garcia havia visto, uma vez, à porta da Santa Casa, outra no Teatro S. Januário onde se encenava um dramalhão cheio de facadas, imprecações e remorsos.
     As cenas despertavam em Fortunado uma atenção especial, um grande interesse. No entanto, estranhamente, quando se inicia a parte principal da peça, recheada de risos, ele se retira do recinto.
     Semanas depois, Garcia volta a encontrá-lo quando do episódio de um esfaqueado, para o qual Fortunato dedica atenção e ajuda especial durante o seu estágio crítico.
     A vir médico e polícia, fica o rapaz agredido sabendo que quem o salvou chama-se Fortunato Gomes da Silveira, solteiro e morador no Catumbi. Quando o ferido, de nome Gouveia, melhora e tenta mais tarde agradecer o obséquio daquele homem justo e bondoso, é recebido com frieza e indiferença.
     Não conseguindo entender fica o homem ressentido.
     “Foi assim que o próprio benfeitor insinuou a este homem o sentimento da ingratidão.”
     Tempos depois, Garcia volta a encontrar-se com Fortunato que o convida a jantar em sua casa, com sua esposa, pois está casado há quatro meses. Durante o jantar o jovem médico conta a Maria Luísa o feito caridoso do marido, este, porém, relata com humor e riso a visita que lhe fizera o homem socorrido.
     Maria Luísa ficou aborrecida com a zombaria do marido, mas reconfortada com os elogios do médico às raras qualidades de companheirismo e camaradagem de Fortunato.
Garcia acrescentou que Fortunato foi um excelente enfermeiro e concluiu que se algum dia fundasse uma casa de saúde o convidaria para esse cargo.
     Fortunato empolgou-se com a sugestão do amigo e propôs-lhe, imediatamente, uma sociedade.
     Apesar da recusa inicial, o jovem Garcia findou por aceitar a proposta e logo que se estabeleceu a clínica, Fortunato tornou-se o “administrador e chefe de enfermeiros, examinava tudo, ordenava tudo, compras e caldos, drogas e contas”.
     Fortunato dedicava-se integralmente aos doentes, principalmente para os que se encontravam em estado terminal, levando Garcia a concluir que a dedicação ao ferido que ele presenciara no passado não era um caso fortuito, mas assentava na própria natureza de Fortunato.
     A amizade entre os sócios se solidifica, Garcia passa frequentar assiduamente á residência de Fortunato e acaba apaixonando-se por Maria Luísa, num amor calado e resignado. Maria Luísa, por sua vez, percebe e mantém-se reservada.
     No começo de outubro ocorreu um incidente que mudará o rumo da narrativa. Fortunato interessara-se a estudar a anatomia e fisiologia, e ocupava-se fazendo experiências com cães e gatos, rasgando-os e queimando-os.
     Como os guinchos dos animais incomodavam o tratamento dos doentes, Fortunato transferiu o laboratório para sua residência, mesmo com o contragosto da esposa.
     Maria Luísa assistia esse comportamento do marido e desesperava-se.
     Um dia, porém, ela não aguentando mais, pede a Gouveia que interviesse e que ordenasse Fortunato cessar com tais experiências.
     Garcia promete falar ao marido e percebe que Maria Luísa tosse, mas a moça não permite ser examinada.
     Fortunato parece ter abandonado as experiências para a tranquilidade da esposa.
     Dois dias depois, a narrativa tornou-se mais crítica.
     Garcia vê Maria Luísa sair do gabinete do marido gritando “rato” e, quando ele entra surpreende Fortunato vingando-se através de torturas de um rato que supostamente teria roído documentos importantes. Fortunato cortava-lhe as patas e o rabo do bicho, uma a uma, queimando o toco em seguida com cuidado para que o animal não morresse de imediato, possibilitando, assim, o prosseguimento do castigo e maior prazer para o torturador.
     Maria Luísa havia pedido para Garcia interromper aquela cena, que foi a que justamente provocou o início do conto. A partir daí, encaminhamo-nos para o desfecho.
     Garcia tenta impedi-lo, “mas não chegou fazê-lo, porque o diabo do homem impunha medo, com toda aquela serenidade radiosa da fisionomia. [...] Vendo todo o processo até o fim, sem nada poder fazer, o médico conclui que Fortunato age assim pela necessidade de achar uma sensação de prazer, que só a dor alheia lhe pode dar”.
     A doença de Maria Luísa progride e desenvolve tuberculose. É quando seu marido dedica-lhe atenção especial, extremada no momento terminal, ao qual ela não resiste.
     O final do texto é crucial para a total compreensão da história.
     Durante o velório o médico recomenda ao marido que vá descansar. Fortunato vai dormir, mas acorda vinte minutos depois e retorna à sala onde Garcia vela o corpo.
     O viúvo chega bem no momento em que o médico levanta o véu e olha amorosamente para o rosto da amada morta e beija-a. Embora não tenha ciúmes o marido sente sua vaidade ferida por ter sido enganado e somente agora descobrir que Garcia amava sua esposa.
     Seu aborrecimento, porém, converteu-se em prazer ao ver o sofrimento do médico pela morte da amada.
     Gouveia ia dar um segundo beijo, mas não aguentou, entregando-se às lágrimas. 

Personagens:

- Fortunato: um senhor rico, casado e de meia-idade, que demonstra interesse pelo sofrimento, socorrendo feridos e velando doentes – mas, neste reside, na verdade, um sádico, que transformou a mulher e o amigo num par amoroso inibido pelo escrúpulo.

- Garcia: o protagonista, médico atencioso.

- Maria Luísa: mulher de Fortunato, calada, quieta.

Opinião do grupo:
     Achamos que é muito bom, pelo fato de Machado de Assis fazer uma crítica satírica à caridade hipócrita e uma observação profunda sobre o lado obscuro dos sentimentos humanos.

Bibliografia:


Nomes: 
Gabrielle Fernanda de Arruda Moura        n°09
Luiza Moreira                                             n°26
Beatriz Silva                                               n°40

Missa do Galo


Resumo
O narrador do conto Missa do Galo, de Machado de Assis, é Nogueira, um rapaz de dezessete anos de idade que veio ao Rio de Janeiro para o que chama de estudos preparatórios. É de Mangaratiba e está hospedado na casa do escrivão Menezes, viúvo de uma de suas primas e casado em segundas núpcias com Conceição, uma “santa”, que se resigna com uma relação extraconjugal do marido. Este dorme fora de casa uma vez por semana dizendo que vai ao teatro. Vivem na casa, ainda, D. Inácia, mãe de Conceição , e duas escravas. A história se passa na véspera do Natal, uma daquelas noites em que o escrivão se ausenta de casa. Nogueira iria com um vizinho à missa do galo e combinou acordá-lo à meia-noite. Decide esperar já pronto, na sala da frente, de maneira a sair sem acordar as pessoas d! a casa. Está lendo um romance, Os três mosqueteiros, quando ouve um rumor e passos. É Conceição. Começam a conversar, falam de assuntos variados, o tempo vai passando; a conversa prolonga-se, emendam os assuntos, riem, aproximam-se e falam baixo para não acordarem D. Inácia. Finalmente, invertendo a combinação, o vizinho grita na rua que é hora da missa do galo. Nogueira sai. No dia seguinte, Conceição está como sempre foi, sem que nada possa lembrar a Nogueira a conversa da noite. No Ano Novo, ele vai para Mangaratiba. Ao retornar, em março, para o Rio de Janeiro, o escrivão havia morrido. Nunca mais encontrou Conceição, sabendo depois que ela havia se casado com o escrevente do marido. O conto se inicia de forma significativa : “Nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora, há muitos anos, contava eu dezessete, ela trinta.” O ponto de vista é de Nogueira, esse adolescente que está descobrindo o mundo , se deparando com situações desconhecidas , com o mundo da Corte,! com o mundo dos adultos e que vai ter um encontro surpreendente e enigmático com uma mulher, Conceição. Para ele que veio da roça, é a descoberta desse mundo novo que surge como significação para o título Missa do Galo. A referência religiosa é enganosa, sendo outro o interesse de Nogueira pela missa. Diz ele : “eu já devia estar em Mangaratiba, em férias, mas fiquei até o Natal para ver a missa do galo na Corte” (p. 606). E adiante : “aqui [no Rio de Janeiro]há de haver mais luxo e mais gente também”(p. 608). As falsas pistas criam o caráter enigmático da escrita machadiana. Esse caráter vai se apresentar também para o próprio personagem de Nogueira que, ao longo do texto, vai se deparar com diversas situações que se mostram desconhecidas para ele em sua descoberta do mundo e que ele deverá decifrar. É o que ocorre com relação ao escrivão quando este diz certa noite que irá ao teatro. Estimulado pela curiosidade, o estudante lhe pede para levá-lo com ele. O silêncio de Menezes, ! os risos das escravas e a careta de D. Inácia fazem-lhe compreender que há algo de estranho , um código novo que precisa decifrar. O código social com sua distribuição de poderes e papéis vai se evidenciando para o estudante de várias maneiras. Significativa é a distribuição das chaves da casa : “Tinha três chaves a porta; uma estava com o escrivão , eu levaria a outra, a terceira ficava em casa.”(idem) A chave de uma casa é o símbolo do poder de dominar a passagem entre a casa e a rua . No conto , a primeira chave pertence ao escrivão , o dono da casa , aquele que possui o domínio da rua. Ao elaborar uma sociologia da nossa identidade , Da Matta utiliza a oposição entre a rua e a casa como um instrumento de análise do mundo social brasileiro. Mostra-nos que “a rua indica basicamente a ação”, é o lugar dos imprevistos, dos acidentes e das paixões” (p. 70) sendo também, mais especificamente neste caso, o lugar do “teatro”, da traição. A segunda chave está provisoriamente com Nogueira! . Com sua função intermediária, o estudante efetua o contato entre dois mundos, da roça e da Corte, da infância e da adultidade, da rua e da casa. “A terceira [chave] ficava na porta”, relata o narrador. Não pertence a ninguém, simplesmente é da casa. Como uma chave imóvel, permanentemente na porta, ela é aberta para deixar alguém entrar, não para sair. Delimita, assim, uma área de trânsito possível para a mulher, definindo-se dessa maneira seu lugar e função, no caso, a permanência na casa, os cuidados do lar. Embora a condição feminina tenha em grande parte se modificado na atualidade, ainda é muito comum mulheres contemporâneas com a função tácita de cuidar da porta da casa. Os filhos e/ou o marido podem sair sem a chave porque contam com o fato de que a mulher está em casa para que possam entrar. A casa é o lugar do silêncio , do controle, como aponta Da Matta, e também o lugar da passividade e da obediência(p.71). A situação de reclusão determina que o mundo fora de casa seja pa! ra a mulher burguesa um mundo pouco conhecido, ao qual ela tem pouco acesso. Um dos acessos possíveis é através da fantasia . É o que se observa num fragmento de diálogo entre Nogueira e Conceição . Ele diz : “- … [então] a senhora nunca foi à casa de barbeiro… Mas imagino que os fregueses, enquanto esperam, falam de moças e namoros” (p.610), responde Conceição. Uma outra forma de contato com o mundo exterior é a literatura : “- Que é que estava lendo? Não diga, já sei, é o romance dos Mosqueteiros. Justamente : é muito bonito. Gosta de romances? Gosto. Já leu a Moreninha? Do Dr. Macedo? Tenho lá em Mangaratiba. Eu gosto muito de romances, mas leio pouco, por falta de tempo. Que romances é que você tem lido?”(p.608) Dentro da casa , há o quarto, onde o silêncio se transforma em insônia. O sofrimento pela relação extraconjugal do marido foi seguido pela resignação : “Menezes trazia amores com uma senhora, separada do marido, e dormia fora de casa uma vez por semana. Conceição padecera, a principio, com a existência da comborça; mas, afinal, resignara-se.”(idem) . Sofrimento, silêncio, resignação , insônia. O episódio a que o narrador se refere no início do conto se passa em outro lugar – a sala de visita, um local intermediário entre a casa e a rua. Da Matta mostra como determinadas peças da casa , tais como a sala de visitas , a varanda e as janelas, são espaços ambíguos , situados entre o mundo interior e exterior, permitindo uma comunicação entre aqueles que estão dentro e os que estão fora (p.71). Barthes , ao estudar o teatro raciniano, mostra que os espaços ambíguos são lugares da espera e a ação que neles se passa tem uma temporalidade peculiar. Nesse teatro onde se desenrolam situações trágicas envolvendo grandes lutas de poder e intensas histórias de paixão, as peças intermediárias – especificamente o vestíbulo – estão a meio caminho entre o mundo exterior, lugar da ação, e o quarto, espaço do silêncio, sendo ele o lugar da linguagem, l! inguagem que marca o limite trágico do herói clássico(p.10) . Por não ser o senhor de seus atos , é ela que lhe resta, uma linguagem que o conduz a uma espera. Embora numa ambiência de menor passionalidade, no conto Missa do Galo, também ocorre uma situação de espera instaurando uma temporalidade diferente na qual o pragmatismo fica em segundo plano. É claro que aqui a espera não é, como no teatro de Racine, a expectativa trágica diante dos jogos de poder e da impotência humana mas, sim, uma espera que permite fugir, por um intervalo de tempo, das convenções sociais, que possibilita deixar a vida cotidiana de lado e parar de agir. As ações no início são pontuais : “A família recolheu-se à hora de costume; eu meti-me na sala da frente, vestido e pronto.” E um pouco adiante : “Sentei-me à mesa que havia no centro da sala, e à luz de um candeeiro de querosene (…)trepei-me ainda uma vez ao cavalo magro de D’Artagnan e fui-me às aventuras” (p.606). Mas vai ocorrendo uma transformação e! elas ganham duração. O tempo verbal predominante passa do pretérito perfeito para o imperfeito : “Dentro em pouco estava completamente ébrio de Dumas” (idem). É importante observar que essa mudança é deflagrada pela leitura que Nogueira faz de Os Três Mosqueteiros , sendo, portanto, a literatura o catalisador dessa transformação que também atua sobre a percepção temporal. Nogueira torna-se incapaz de distinguir a passagem do tempo : “Os minutos voavam, ao contrário do que costumam fazer, quando são de espera; ouvi bater onze horas, mas quase sem dar por elas, um acaso” (idem). Nesse momento se dá a aparição de Conceição. Nogueira ouve seus passos e a vê, fecha o livro e se inicia a conversa entre eles. Persiste o efeito de duração das ações : “Comecei a dizer-lhe os nomes de alguns [romances]. Conceição ouvia-me com a cabeça reclinada no espaldar” (p.608). Há certamente um ritmo, mas um ritmo lentificado , que faz esquecer a preocupação com a hora e com os compromissos. “A conve! rsa reatou-se assim lentamente, longamente, sem que eu desse pela hora nem pela missa”. São profusas as expressões adverbiais de tempo que além de denotarem a duração possuem um caráter de imprecisão : “Parava algumas vezes examinando”(idem); “Pouco a pouco, tinha-se inclinado”(idem); “De quando em quando reprimia-me”(p.609). A conversa, portanto, a linguagem, toma a cena principal ocorrendo uma espécie de paralisia que impede as ações : “a idéia (..) da missa , lembrou-me que podia ser tarde e quis dizê-lo . Penso que cheguei a abrir a boca, mas logo a fechei” (p.610). O discurso dos personagens abandona o encadeamento lógico característico dos processos secundários aproximando-se da associação livre própria ao tratamento psicanalítico :”continuei a dizer o que pensava das festas da roça e da cidade e de outras cousas que me iam vindo à boca. Falava emendando os assuntos, sem saber por que, variando deles ou tornando aos primeiros” (p.609) . Toda a cena se passa numa atmosfera! especial , proporcionada por uma situação de exceção: uma hora intermediária , um lugar intermediário, um personagem intermediário . Torna-se possível o alívio das convenções sociais, torna-se possível a irrupção do recalcado. E ocorre então a transformação de Conceição. Inicialmente esta era definida como “a santa”, e aí novamente o religioso encobre um outro significado, no caso, o caráter de resignação : “fazia jus ao título, tão facilmente suportava os esquecimentos do marido” (p. 606). Acompanhamos uma transformação progressiva. De uma sombra, de um vulto :”Um rumor que ouvi dentro veio acordar-me. Eram uns passos no corredor que ia da sala de visitas à de jantar; levantei a cabeça; logo depois vi assomar o vulto de Conceição.”(p.606; os grifos são meus) passa a ser um corpo e alguém que é capaz de fazer gestos : “Em seguida, vi-a endireitar a cabeça, cruzar os dedos, e sobre eles pousar o queixo, tendo os cotovelos nos braços da cadeira, tudo sem desviar os grandes olhos despe! rtos” (p.608). Conceição passa de alguém com “um temperamento moderado, sem extremos, sem grandes lágrimas, nem grandes risos”(p.606), para alguém capaz de rir, sonhar, de falarde suas reminiscências, adquirindo um passado, uma vida: “Tal foi o calor de minha palavra que a fez sorrir” (p. 608) “Riu-se da coincidência”(p.609) “Conceição parecia estar devaneando”(p. 611). “Em seguida, referia umas anedotas de baile, uns casos de passeio, remiscências de Paquetá” (p.610). Passa da passividade : “Tudo nela era atenuado e passivo”(p. 606), para a atividade : num dos momentos em que o estudante faz menção de se levantar ela o impede retendo-o : “- D. conceição, creio que vão sendo horas, e eu … Não, não, ainda e’ cedo. Vi agora mesmo o relógio, são onze e meia. Tem tempo.”(p. 608) Ela ganha sensualidade e todo o seu corpo se faz presente : “Conceição ouvia-me com a cabeça reclinada, enfiando os olhos por entre as pálpebras meio cerradas, sem os tirar de mim”(idem). “De vez em quando! , passava a língua pelos beiços, para umedecê-los”(idem) Conceição se apresenta, assim, como uma mulher, uma mulher sensual , uma mulher que se revela, ou melhor, que se desvela em contraposição ao velamento, que aparece – no sentido de aparição dentre o vulto. Essa aparição se dá no mesmo compasso do encontro que se realiza entre ela e Nogueira. A aproximação se faz fisicamente e é progressiva. Inicialmente :”ela foi sentar-se na cadeira que ficava defronte de mim, perto do canapé”(p.607). Depois : “E não saía daquela posição que me enchia de gosto, tão perto ficavam as nossas caras”(p.609). Um pouco adiante :”Deu a volta à mesa e veio sentar-se do meu lado” (idem). Em seguida foi a vez de Nogueira aproximar-se : “Fui sentar-me na cadeira que ficava ao lado do canapé”(idem) E finalmente : “pôs a mão em meu ombro, e obrigou-me a estar sentado. Cuidei que ia dizer alguma coisa; mas estremeceu, como se tivesse um arrepio de frio, voltou as costas”(p.610). A sensualidade de Conceição se! revela na medida em que ela é percebida e reconhecida por Nogueira , isto é, ela resulta desse encontro : “não estando abotoadas, as mangas, caíram naturalmente e eu vi-lhe metade dos braços, muito claros , e menos magros do que se poderiam supor. A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele momento, porém, a impressão que tive foi grande”(p.608-9). Nogueira, portanto, a vê com outros olhos, o que alimenta a revelação de Conceição. A beleza de Conceição aparece : “em certa ocasião, ela, que era apenas simpática, ficou linda, ficou lindíssima”(p.610). Há em Nogueira um encantamento em relação a Conceição , tomando ela consciência de sua sensualidade, do que é capaz de provocar no outro, parecendo saborear essa percepção . “Uma dessas vezes creio que deu por mim embebido na sua pessoa, e lembra-me que tornou a fechar [os olhos], não sei se apressada ou vagarosamente”(p.609). Confinada aos limites da casa e às regras de comportamento próprias a uma senhora, Co! nceição adota a resignação, a conduta austera, a abolição da sensualidade. O contato com o estudante, forasteiro, em uma situação intermediária criou um mundo especial onde o racional foi posto em suspensão, de maneira a permitir a emergência do erótico. Como véus que vão sendo levantados fazendo surgir a sensualidade, a beleza, a fruição do desejo. Essa aparição só se torna possível pela presença de Nogueira. É ele que a vê, que a descobre, que, através do seu olhar, alimenta esse jogo de sedução e revelação. É seu olhar embevecido com tudo o que Conceição lhe traz de novo, de diferente, que permite a ela reconhecer-se mulher e saborear esse reconhecimento. Uma vez despertado da letargia provocada por aquele encontro, Nogueira foi para a igreja assistir à missa do galo. Mas lá “a figura de Conceição interpôs-se mais de uma vez” entre ele e o padre. E , no conto, acrescenta : “fique isso à conta dos meus dezessete anos” (p.611). Talvez seja próprio aos dezessete anos ter curiosidad! e, pouca arrogância, atributos necessários à abertura para a alteridade. Só na medida em que se reconhece em condição de falta, sua condição de incompletude, o sujeito pode movimentar-se em direção ao outro, em direção à riqueza da alteridade e estabelecer um jogo de sedução, aproximação, descoberta e encontro . Isto não é exclusivo nem obrigatório à adolescência, mas a crise peculiar a esse período , assim como outras crises vitais, provoca uma ruptura dos mecanismos habituais de velamento da angústia, colocando o sujeito numa instabilidade que o torna mais permeável à consciência da falta. Em Feminidade, Freud afirma que a constatação da castração feminina leva a mulher a três destinos possíveis : à neurose ou inibição sexual, à masculinidade ou ao que considera a feminidade normal, que consistiria na maternidade (p.155). Ao analisar a personagem de Carmem, principalmente das versões da década de 80 , Birman vê nesta um novo destino para a mulher diante da castração, qual seja a histericização, onde há uma “restauração do ser da mulher no registro do desejo” (p.93). Embora o termo não esteja presente no texto freudiano, Joel Birman o considera como conceito subjacente. Contrapõe-se ao que ocorre na histeria pois, enquanto nesta o desejo está esterilizado e congelado , na histericização há uma dignificação do erotismo que possibilita sua fruição (p. 95-96). É o que ocorre com Conceição , embora apenas por um período de tempo, um intervalo em sua vida. O final do conto abre para inúmeras possibilidades conduzindo para mais um enigma do texto. O que nos remete para o começo do conto , o enigma com que o narrador inicia o relato, um dos poucos enigmas apresentados no conto que não é elucidado. E que persiste , para o narrador, por muitos anos. A que se refere esse enigma? À Conceição ? Ao enigma da feminidade? Joel Birman afirma que a idéia de um enigma da feminidade tem como pressuposto a idéia de que a masculinidade seria algo translúcido e não enigm! ático, o que está longe de ser verdadeiro. Assim como existe um enigma feminino , existe um masculino e seria mais pertinente falar do enigma da diferença sexual (p.77). De fato, o próprio narrador parece considerar esse duplo aspecto pois, ao expor sua questão, ele absolutamente não se exclui. Pelo contrário, as duas expressões verbais da frase “nunca pude entender a conversação que tive com uma senhora” têm como sujeito o pronome eu, oculto. Ele fala, portanto, de uma perplexidade diante desse fato inesperado, surpreendente, não planejado, no qual foi envolvido, conquistado, até se tornar participante desse encontro provisório entre um rapaz e uma mulher. O conto Missa do Galo , configura, em seu caráter enigmático, o que Umberto Eco denominou uma obra aberta. Segundo ele, “a obra de arte é uma mensagem fundamentalmente ambígua, uma pluralidade de significados que convivem num só significante” (p. 22). Embora esse caráter seja próprio a toda obra de arte, “a ambiguidade se torna -! nas poéticas contemporâneas – uma das figuras explícitas da obra”(idem). Os enigmas e as falsas pistas que vão sendo apresentados e parcialmente desvelados implicam uma participação do leitor na construção que se torna a leitura do texto. Estabelece-se um jogo fundado novamente na alteridade. A leitura torna-se um processo potencialmente infinito , provisoriamente enriquecido por seus diversos leitores-autores caracterizando uma “corrente narrativa” (Felman). Isto fica bastante claro na experiência lúdico-literária realizada por um grupo de autores brasileiros do século XX ao reescreverem o conto de Machado de Assis tomando , cada um deles, o ponto de vista de um dos personagens , recriando o texto e revelando novas e talvez insuspeitadas facetas.

Contexto Histórico
No conto “Missa do Galo” escrito por Machado de Assis, a narrativa se desenvolve a partir do
enlevo e da sedução que se dá entre as personagens Nogueira – um adolescente e Conceição – uma
jovem senhora. Produzido em meados do século XIX, o conto deixa explícitas as características do
contexto histórico-social no qual está inserido, afinal trabalha com a figura feminina mostrando-a sob a segunda perspectiva do comodismo, do preconceito e da submissão em relação ao homem. O enredo se refere a história da personagem Nogueira, um jovem de 17 anos que vai morar no Rio de Janeiro a fim de terminar seus estudos. Hospeda-se na casa do escrivão Menezes, que fora casado com uma de suas primas e agora vive com Conceição, sua segunda mulher, e dona Inácia sua sogra. Conceição, muito bondosa e passiva, facilmente suporta os esquecimentos do marido. Menezes, por sua vez, tem outra mulher e, um dia na semana, com a desculpa de ir ao teatro, dorme fora de casa. Em cada recriação do conto original, percebe-se, de forma incisiva e enfática, a representação da figura feminina. Nesse sentido, o enfoque das discussões está centrado na mulher e suas relações
sociais ao longo do tempo, a fim de evidenciar, por meio das divergências observadas em cada texto, a trajetória feminina entre os séculos XIX e XX e o poder de sedução da mulher. Sempre que se discutem questões relacionadas à mulher e ao seu comportamento, seja na literatura ou em quaisquer segmentos sociais, é bastante comum vê-la tratada, ao longo da história, como objeto de dominação masculina relegada à submissão e a inferioridade perante o poder do homem. É, portanto, como reprimida e obediente que  a mulher é caracterizada, especialmente até o final do século XIX e início do século XX, quando surge o pensamento feminista e, conseqüentemente, uma lenta e gradativa mudança na maneira de se ver e considerar a mulher socialmente. 

Análise da obra
O conto Missa do Galo de Machado de Assis, é publicado pela primeira vez em 1893, tendo sido incluído na primeira edição de Páginas Recolhidas, em 1899. 
Conto destacado na narrativa machadiana, os críticos e antologistas fazem questão de o incluir na maior parte das coletâneas de contos do príncipe da narrativa brasileira. No conto Missa do galo,  Machado de Assis substitui a amargura por uma doce melancolia.
É de se notar, nesse conto, as características mais presentes em Machado de Assis tais como: o tema do adultério e, mais especialmente na personagem Conceição, a análise psicológica e a ambiguidade de comportamento.


 Personagens

Nogueira - Estudante, 17 anos, ingênuo jovem do interior que vai ao Rio de Janeiro estudar preparatórios. Na ocasião, hospeda-se na casa de Meneses. 

Conceição - 30 anos, sabia das traições do marido, porém nada fazia. Por essa atitude, era considerada “santa” pelo narrador-personagem. Típico exemplo de mulher machadiana, é a fonte das perturbações do protagonista.

Meneses - Escrivão; marido de Conceição. Fora casado com uma das primas de Nogueira. Tinha uma amante (dizia que ia ao teatro). Morre de apoplexia. Não aparece no conto: somente é citado.

São citadas também duas escravas e a mãe de Conceição, que dormia no momento da conversa entre os dois personagens.

Enredo
Missa do Galo nos relata o diálogo, numa noite de Natal, entre um jovem e uma senhora casada e traída pelo marido. A história é contada sob a ótica do jovem Nogueira, intrigado com a conversa, ao mesmo tempo banal e misteriosa, envolta num clima de sensualidade. Praticamente nada acontece objetivamente entre os dois, mas o autor parece nos querer dizer que, onde nada acontece, tudo pode estar acontecendo subjetivamente e, para que o percebamos, é preciso apurar os ouvidos e ler nas entrelinhas as marcas do desejo não-explícito.

Conceição, a personagem feminina do conto, é a típica mulher machadiana, de comportamento ambíguo, misteriosa. Leia um trecho da descrição da personagem: “Pouco a pouco, (Conceição) tinha-se inclinado; fincara os cotovelos no mármore da mesa. Não estando abotoadas, as mangas, caíram naturalmente, e eu vi-lhe metade dos braços, muito claros, e menos magros do que se poderiam supor. A vista não era nova para mim, posto também não fosse comum; naquele momento, porém, a impressão que tive foi grande. A presença de Conceição espertara-me ainda mais que o livro.” 

Entretido pela conversa, o jovem Nogueira quase se esqueceu do horário da missa a que esperava assistir. Durante a cerimônia, o rapaz não conseguia se concentrar, pensando na figura de Conceição. No trecho final, informa: “Na manhã seguinte, ao almoço, falei da missa do galo e da gente que estava na igreja sem excitar a curiosidade de Conceição. Durante o dia, achei-a como sempre, natural, benigna, sem nada que fizesse lembrar a conversação da véspera. Pelo ano-bom fui para Mangaratiba. Quando tornei ao Rio de Janeiro, em março, o escrivão tinha morrido de apoplexia. Conceição morava no Engenho Novo, mas nem a visitei nem a encontrei. Ouvi mais tarde que casara com o escrevente juramentado do marido.” O contato entre o jovem ingênuo e a mulher madura, mais velha, vai ser retomado no conto Uns braços.

Opinião
O conto "Missa do Galo" é um ótimo conto. Lendo-o corretamente e com muita atenção, podemos notar que a marca da época retratada, era a submissão das mulheres em relação aos homens. 
No conto, Conceição é uma mulher casada, mas que é infeliz no casamento, devido as traições de seu marido. Uma vez por semana Meneses, o marido de Conceição, visitava uma amante que ele tinha; mas Conceição sabia disso e aceitava de boa vontade; achava até justo o marido ter uma amante. O que hoje em dia, é realmente um enorme absurdo.
Um dia, em época de natal, um amigo de seu marido, chamado Nogueira, foi passar uns dias na casa de Conceição e Meneses para poder ir a missa chamada missa do galo, missa de virada do natal, então, aguardando o horário da missa, Nogueira e Conceição acabaram conversando um pouco e meio que se interessando um pelo outro, mas logo Conceição se da conta do absurdo que está acontecendo e acaba com tudo, sendo um pouco menos ''atenciosa'' com Nogueira, um menino de apenas 17 anos. Então, essa história acaba com Nogueira indo a missa do galo e nada acontece entre ele e Conceição, a esposa de seu amigo.
Acredito que esse foi um ótimo final, até porque Conceição já era considerada uma senhora, comparando a idade dela com a de Nogueira.


Fontes:


Grupo: Nathalia Lopes Santos, nº 33

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Memórias de Um Sargento de Milícias

Resumo

O livro conta a história de Leonardinho, filho de Leonardo-Pataca e Maria da Hortaliça. O casal se conhece em uma viagem de navio de Portugal para o rio de Janeiro. E começam a namorar com “uma pisadela e um beliscão”. Ela fica grávida e Leonardo, que tem por padrinhos a parteira e um barbeiro, nasce no Rio de Janeiro. O compadre estava em débito com Maria da Hortaliça, porque, anos antes, em Portugal seu filho se envolvera com ela e eles não tinham se casado.
Leonardo Pataca descobre que estava sendo traído por Maria da Hortaliça e bate nela e no menino. A portuguesa volta para sua terra natal e Leonardinho é entregue aos cuidados de seu padrinho. O menino é muito travesso e é odiado pela vizinha, que diz que ele tinha “maus bofes”. O padrinho tem esperança que ele se torne padre e, para tanto, manda-o à escola, onde ele apanha muito.
Com o tempo o Leonardinho passa a fugir da escola para brincar. Ao fazer amizade com o sacristão da Sé, se oferece para ser sacristão também. Durante a missa, faz muitas travessuras e chega a fazer o mestre de cerimônias perder um sermão. Então, é expulso do cargo de sacristão e desmascara o padre, que tinha um caso com uma cigana. A mesma cigana se envolvera amorosamente com o Leonardo Pataca, tendo deixado esse último para ficar com o padre.
Leonardinho cresce e ele e seu padrinho começam a frequentar a casa de Dona Maria, uma rica senhora. Dona Maria adota sua sobrinha/afilhada Luisinha, por quem Leonardinho se apaixona. No entanto, Luisinha tem outro pretendente: José Manuel. A comadre tenta impedir que ele se aproxime de Luisinha, porque seria conveniente que Leonardinho se casasse com a menina. Enquanto disputam o amor de Luisinha, o padrinho de Leonardo adoece e morre.
Leonardo vai morar com seu pai, que está casado com Chiquinha, a filha da comadre. Ela e Leonardo não se dão bem e, uma noite, brigam por causa de uma almofada. A briga resulta na saída de Leonardinho de casa. O jovem vaga sem destino pelas ruas do Rio de Janeiro e encontra uma família que está fazendo uma súcia.
Essa família se constitui de duas senhoras irmãs, uma com três filhas e outra com três filhos. Uma das primas é “casada” com o amigo de infância de Leonardo, o sacristão da Sé. Por isso, Leonardo vai morar com essa família e se envolve amorosamente com uma das filhas, Vidinha, que era disputada por dois primos. Ele briga com os rivais por causa da moça, e, nesse momento, a comadre chega à casa e faz amizade com as duas senhoras. A comadre consegue para Leonardo um emprego na despensa real, onde ele conhece a mulher do toma-largura. Ele se envolve com ela, o que causa um escândalo e a sua demissão do cargo.
Vidinha briga com Leonardo e, na confusão, ele é capturado pelo major Vidigal.
No caminho para a prisão, Leonardo foge e faz o major passar por um grande vexame e resolver-se a prender o moço quando tiver oportunidade. O jovem se reconcilia com Vidinha e, em uma nova súcia, é preso pelo Vidigal, vítima de uma armação dos primos de Vidinha. A comadre, junto com dona Maria, pede ajuda à Maria Regalada, o amor da juventude do major. Ela o a soltar Leonardo e o faz sargento.
Com a morte de José Manuel, Leonardo volta a se encontrar com Luisinha, desejando se casar com ela. Ele pede para se tornar sargento de milícias, pois como sargento não poderia se casar. O Vidigal aceita, uma vez que Maria Regalada pede, e, após o tempo de luto, eles se casam.

Análise de enredo e personagens

Por ser originariamente um folhetim, publicado semanalmente, o enredo necessitava prender a atenção do leitor, com capítulos curtos e até certo ponto independentes, em geral contendo um episódio completo. A trama, por isso, é complexa, formada de histórias que se sucedem e nem sempre se relacionam por causa e efeito.
As aventuras e desventuras de Leonardo, que o autor faz desfilar diante dos leitores com dinamismo, conduzem o protagonista a apuros dos quais ele sempre se salva, graças a seus protetores. Leonardo é um personagem fixo no romance, suas características básicas não mudam.
Duas forças de tensão movem os personagens do romance: ordem e desordem, que se revelarão características profundas da sociedade colonial de então. A estabilidade social representa a ordem, enquanto a instabilidade se refere à desordem. Entretanto, isso não significa retidão. Dessa forma, o barbeiro, completamente adequado à sociedade, ao revelar as origens pouco recomendáveis de sua estabilidade financeira, evoca no seu passado a desordem. O polo da desordem é formado pelo malandro Teotônio, o sacristão da Sé e Vidinha. A acomodação dos personagens, tanto na ordem como na desordem, está sujeita a uma mudança repentina de polo, ou seja, não existe quem esteja totalmente situado no campo da ordem nem no da desordem. Não há, portanto, uma caracterização maniqueísta dos tipos apresentados.

Leonardo: É o protagonista. Desde pequeno sua mãe e seu padrinho adoravam suas malandrices, que ao longo do livro foram aumentando, e ele chega a ser preso por isso (o que também foi uma das razões por conseguir o cargo de sargento de milícias, que dá nome ao livro). Leonardo não gosta de trabalhar e só o faz após a morte de seu padrinho quando foge de casa e sua madrinha arruma um cargo para ele. Um típico anti-herói, Leonardo mesmo se apaixonando por Luisinha se envolve com Vidinha e com a mulher do toma-largura.
Maria da Hortaliça: Portuguesa mãe de Leonardo, camponesa namoradeira que fica grávida durante a travessia de navio para Portugal. Mora com Leonardo Pataca e o filho no Brasil por algum tempo, mas após trair o marido foge de volta para Portugal.
Leonardo Pataca: fora vendedor de roupas em Lisboa e, durante sua viagem ao Brasil, conhece Maria da Hortaliça, o que resultará no nascimento de Leonardo. Quando descobre que é traído, expulsa Maria da Hortaliça de casa e acaba fugindo, deixando Leonardo nas mãos do padrinho. Logo depois, se envolve com uma cigana e acaba se casando com Chiquinha, filha da parteira, que é a madrinha de Leonardo.
Compadre: Barbeiro. Vizinho de Leonardo e Maria, possui uma boa herança e, à primeira vista, aparenta ser muito honesto. Mas leva consigo o segredo do roubo da herança de um capitão para sua sobrinha. Passa a cuidar de Leonardo quando os pais o abandonam e vê nele um grande futuro como padre.
Comadre: Melhor parteira da região e madrinha de Leonardo, adora o garoto e sempre o defende tentando tirá-lo das confusões.
D. Maria: Rica e devota aos pobres D. Maria é uma mulher gorda, feia e viciada em demandas. Fica com a guarda de Luisinha quando seus pais morrem.
Luisinha: Primeiro amor de Leonardo, feia, pálida, sem graça e desajeitada. Por influência da tia, se casa com José Manuel, mas depois se torna esposa de Leonardo.
Major Vidigal: é o policial e juiz do enredo. Depois de ser publicamente humilhado por Leonardo, decide que é melhor tê-lo a seu lado do que como inimigo.
Vidinha: Mulata jovem e bonita que acaba seduzindo Leonardo.
Chiquinha: Filha da parteira, tem um filho com Leonardo-Pataca e se torna sua esposa, não gosta Leonardo e por causa dela ele acaba fugindo de casa.
Maria Regalada: Primeiro amor de Vidigal. Graças a ela, Leonardo sai da prisão e consegue o posto de Sargento de Milícias.
José Manuel: rival no amor de Luisinha, José Manuel é um caça-dotes, uma crítica à aristocracia portuguesa. Torna-se marido de Luisinha, mas a maltrata e acaba sendo atacado e morto.

Contexto Histórico

O livro começa com a seguinte frase: “Era no tempo do rei...”, nos passando que o tempo que o Brasil vivia na história recebia fortes influências do rei, portanto para entender o contexto histórico em que foi inserido o desenrolar da história deve-se entender a vinda da família real ao Brasil no século XIX. Essa fórmula também faz referência – e isso é mais relevante para entender a estrutura do romance – aos inícios dos contos de fada: “Era uma vez...”.
Portugal vivia num impasse com tantas brigas pela disputa da hegemonia da Europa, deveria decidir se aderia ao Bloqueio Continental estabelecido pela França, segundo o qual todos os países aliados ou ocupados pelas forças francesas não poderiam comercializar com a Inglaterra ou se deveria ignorar o Bloqueio e continuar o comércio com os ingleses, já que era seu principal aliado no comércio. Preferiu assim aderir às duas condições. A França, sabendo que mesmo Portugal aderindo o Bloqueio continuou a comercializar com a Inglaterra, tomou a decisão que suas tropas invadiriam o território de Portugal. Isso fez com que a família real portuguesa fosse para sua principal colônia, o Brasil.
Podemos também analisar o contexto em que foi publicado como sendo importante para o valor histórico do livro, assim Memórias de um Sargento de Milícias foi publicado em folhetim no Jornal Correio Mercantil, do Rio de Janeiro entre junho de 1852 e julho de 1853, e só mais tarde publicado em livros, como vemos atualmente.

Opinião do grupo


O livro é inovador por ter o primeiro herói malandro da literatura brasileira, além de seu contexto fugir dos padrões românticos da época. No entanto, o livro não tem uma organização clara das ideias: há personagens que somem da história ou aparecem inesperadamente, muitas vezes o narrador sugere o desenrolar de um episódio que não se concretiza etc. Embora isso deixe o leitor confuso, acaba sendo "camuflado" pela comicidade e ironia do livro, que nos leva a dar boas risadas. A leitura é agradável, a linguagem não é tão elaborada quanto a de outros livros do Romantismo. Imaginamos que o livro tenha feito e continue fazendo sucesso até hoje.


Referências


http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_413965.shtml






Grupo


Beatriz Uchôas n° 5
Giovana Bueno n° 11
Letícia Prado n° 24
Maíra n° 28
Maria Clara n° 29
Thiago Ebram n° 37
2° A

Iracema – José de Alencar
Personagens
Iracema: índia da tribo dos tabajaras, filha de Araquém, tinha sua virgindade consagrada a divindade por guardar o segredo da Jurema e é um anagrama de América.
Martim: guerreiro branco e amigo dos pitiguaras, adversários dos tabajaras.
Poti: herói dos pitiguaras e amigo de Martim.
Irapuã: chefe dos tabajaras e apaixonado por Iracema.
Caubi: índio tabajara e irmão de Iracema.
Jacaúna: chefe dos Pitiguaras, irmão de Poti.

Resumo da obra:
Martim se perde da tribo pitiguara durante uma caçada e se caminha sem rumo durante três dias, no interior das matas pertencentes à tribo dos tabajaras, Iracema se deparou com Martim. Amedrontada e surpresa, ela o fere no rosto com uma flechada e ele não reage. Arrependida, ela corre até Martim e lhe oferece hospitalidade. Martim é recebido na cabana de Araquém, onde, ao cair da noite, lhe são oferecidas as mais belas índias da tribo, surpreso por Iracema não estar entre elas, descobre que Iracema se mantém virgem para guardar o segredo da Jurema ( segredo da bebida oferecida ao pajé que ela deveria preparar).
Na mesma noite acontecia uma comemoração festiva recepcionando o grande chefe tabajara que comandaria a luta contra os pitiguaras. Aproveitando-se da escuridão, Martim decide fugir, mas encontra Iracema, aparentemente magoada, que lhe perguntou se alguém o havia feito algum mal para fugir assim. Arrependido, volta para a cabana e passa a noite sozinho.
Na manhã seguinte, os tabajaras se prepararam para a guerra contra os pitiguaras e Martim foi passear com Iracema, mas ele aparentava estar triste e Iracema lhe pergunta se é saudades da noiva e ele nega, mesmo com a negação, Iracema prometeu que ele veria a noiva novamente e deu-lhe uma bebida que ela preparou. Após tomar a bebida Martim adormeceu e sonho com Iracema, inconsciente ele pronunciou o nome da índia e abraçou, ela se deixou abraçar e os dois se beijaram.
Na manhã seguinte Martim anuncia que poderia partir logo e percebe Iracema um pouco triste e para fazê-la voltar è felicidade ele diz que vai ficar e amá-la. Mas Iracema o informa que quem se relacionasse com ela morreria, pois ela é filha do pajé e guarda  segredo da Jurema.
Martim então se despede de Iracema e parte com Caubi. Irapuã e mais cem guerreiros cerca os caminhantes para matar Martim. Mas Caubi se opõe e solta um grito que é ouvido por Araquém  e por Iracema, esta correu em direção a Martim e assistiu à cena tentando convencê-lo a fugir, mas ele se mantém calmo. Caubi provoca Irapuã para lutar com ele, a ponto de começarem a lutar, ouve-se um o som de guerra dos pitiguaras que vinham atacar os tabajaras. Chefiados por Irapuã, os índios correm para enfrentar o inimigo. Só Iracema e Martim não se movimentaram. Irapuã não encontra o inimigo, desconfia que Iracema forjou o grito de guerra para livrar Martim e vai encontrá-la na cabana de Araquém. Protegendo seu hóspede, o velho pajé ameaça matar Irapuã se relasse a mão em Martim. Para afastar Irapuã, Araquém provocou o ronco da caverna que os índios acreditavam ser a voz de Tupã.
Quando chega a noite, ouve-se um grito semelhante ao de uma gaivota, Iracema acreditar ser o sinal de guerra dos pitiguaras, mas Martim reconhece o som que era emitido por seu amigo Poti. A índia foi encontrar-se com Poti para lhe dizer que Martim iria com ele a fim de evitar um conflito das tribos inimigas. Antes de sair, o pai de Iracema lhe diz que é perigoso que Martim saia às claras pois pode ser seguido e sugere que Iracema o esconda no subterrâneo da cabana, vedado por uma grande pedra. Então Caubi entra na cabana e avisa a irmã e Martim que os tabajaras pretendiam matar o branco. Então Iracema o leva ao esconderijo e pede para que Caubi fique de guarda. No interior da caverna, Iracema e Martim ouviram a voz de Poti, embora sem vê-lo ele declara que está vindo sozinho para levar Martim. Combinaram que Martim fugiria ao encontro de Poti só na mudança de lua.
À noite, na cabana, sozinho ao lado de Iracema, Martim não consegue dormir então pede a índia um pouco de vinho para apressar o sono. Dormiu e sonho com Iracema, chamando-a, ela correu acordada para ele, ainda dormindo, sonhou que se abraçavam, sendo que Iracema o abraçou de verdade. Na manhã seguinte, Martim se afastou da moça, dizendo que só podia tê-la em sonho. Ela guardou o segredo do abraço real e foi banhar-se no rio, mal sabia Martim que Iracema havia acabado de perder a virgindade.
À noite, quando começou a festa da mudança da lua, Iracema foi a cabana buscar Martim e conduzi-lo a Poti. Iracema os acompanhou até o limite das terras tabajaras. Quando Martim insistiu para que ela voltasse para sua tribo, ela lhe revelou que não podia, pois já era sua esposa, surpreso, Martim ficou sabendo que tinha sido realidade o que sonhou. Ao escurecer, pararam a caminhada e Martim, passou a noite na rede com Iracema. Ao raiar do dia, Poti, preocupado, os chama, alertando que os tabajaras já o perseguiam, informação que ele colheu escutando as entranhas da terra. Envergonhado, Martim diz para Poti levar Iracema e o deixar só, pois merecia morrer, mas Poti diz que não vai o largar, Iracema concorda e continua com eles.
Irapuã e seus comandantes chegam ao local onde estavam os fugitivos. Correram também os pitiguras sob a chefia de Jacaúna. Travou-se o inevitável combate entre os pitiguaras e os tabajaras. Depois de várias mortes, soou o canto de vitória: Jacaúna e Poti haviam vencido. Os tabajaras fugiram e Iracema chorou ao ver seus irmãos mortos.
Poti retorna a sua taba, feliz por ter salvado o seu irmão branco. Iracema estava triste por ficar hospedada na tribo inimiga de seu povo, Martim, ciente disso, procura um lugar afastado para morarem. Acharam um local apropriado e se estabeleceram. Na nova rotina, Poti e Martim caçavam, Iracema colhia frutos, passeava pelos campos, arrumava a cabana, na expectativa da volta de Martim. Grávida, ela aguardava a hora do parto e não sentia mais contrariedade  por ter saído de sua nação. Com festas, Martim foi introduzido na tribo dos pitiguaras, adotando o nome de Coatiabo.
Com o passar do tempo, Coatiabo entrou em depressão, Iracema não o fascinava tanto. Certo dia, um índio, a mando de Jacaúna, foi até a região onde Poti, Iracema e Martim moravam e convocou Poti para a guerra contra os tabajaras. Martim fez questão de ir com o amigo. Partiram sem avisar Iracema e deixaram uma flecha de Martim, com um goiamum que acabara de abater com uma flor de maracujá entrelaçada  fincada no chão para que Iracema soubesse que partiram. Iracema percebeu que partiram e a partir daquele dia vivia triste a espera de Martim. Os dois guerreiros retornam vitoriosos graças a participação de Martim na luta. De novo em sua cabana, Martim e Iracema se amaram como no inicio do relacionamento, mas logo Martim começou a se afastar outra vez e Iracema vivia triste.
Um dia, apareceu no mar um navio dos guerreiros brancos que se aliariam aos tupinambás para lutarem contra os pitiguaras. Poti e Martim armaram uma estratégia de defesa e  atacaram o inimigo de surpresa.
Enquanto Martim estava em combate, Iracema teve seu filho, sozinha, e o chamou de Moacir, que significa filho da dor. Certa manhã, ao acordar, ela viu à sua frente Caubi, que vinha visitá-la, trazendo paz. Admirou a criança, porem surpreendeu-se com a tristeza da irmã, que pediu para que voltasse para junto de Araquém, velho e sozinho.
Iracema mantinha o filho nutrido, mas ela ficava sem apetite e sem força de tanta tristeza. Quando Martim retornou, Iracema só teve tempo de erguer o filho e apresentá-lo ao pai. Suas ultimas palavras foram que queria ser enterrada debaixo do coqueiro que ela tanto gostava. Depois desfaleceu e não se levantou mais da rede. O sofrimento de Martim foi enorme. O lugar onde enterrou Iracema veio a chamar Ceará.
Martim retornou para sua terra, levando o filho e quatro anos depois retornou ao Ceará, onde implantou a fé cristã. E a jandaia permanecia cantando no coqueiro, ao pé do qual Iracema foi enterrada.




Grupo
Ana Carolina Horta dos Santos Nº01
Gabriella Zan                            Nº08

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Um Apólogo - Machado de Assis



Contexto Histórico

O conto Um apólogo foi publicado em 1896, no livro Várias Histórias, que é uma coletânea dos melhores contos de Machado de Assis, que é considerado o maior escritor da literatura brasileira. O contexto histórico da época é o Realismo, que tem como característica fundamental a busca de uma literatura pautada pela objetividade, ao contrário dos românticos, que criavam um universo envolto de emoção e subjetivismo. Eles se preocupavam em analisar criticamente os valores da sociedade. As obras realistas respeitavam às regras e às técnicas voltadas à análise dos valores da sociedade a partir do olhar cientificista. Havia a predominância da prosa de ficção e a arte era considerada um veículo de ideias. O Brasil, neste período, vivia um novo contexto histórico, com o fim da escravidão negra, a proclamação da República, o início da economia cafeeira e o trabalho do imigrante europeu.

Análise dos personagens

- Principais Personagens:
Agulha: representa um instrumento de costura de uma costureira da casa de uma baronesa.
Linha: representa um instrumento de costura de uma costureira da casa de uma baronesa.
- Personagens Secundários:
Alfinete: representa um instrumento de costura de uma costureira da casa de uma baronesa.
- Personagens Passageiros:
Costureira: usa os objetos na criação do vestido da baronesa onde rola metade da trama falada.
- Psicologicamente:
Os personagens brigam entre se, pois querem ver quem é o mais importante na costura do vestido. Na historia, a agulha representa uma pessoa que quer dar uma dura para alguém que não quer nada com nada, porém no final sai perdendo, pois ela não vai ao baile, mesmo pensando ter feito o trabalho mais difícil na construção do vestido. A linha (novelo) representa uma pessoa que não liga para nada que os outros falam e sai ganhando no final pelo fato de acompanhar a dona do vestido na festa. O alfinete demonstra psicologicamente alguém que percebe o resultado da situação e quer ajudar e mostrar o resultado disto, ou seja, de a agulha estar sendo aproveitada pela linha.

Resumo

O conto de Machado de Assis tem como objetivo que os leitores procurem imaginar os objetos de costura como pessoas com diferentes modos de pensamento. A agulha como uma pessoa que canta a vitória antes da hora e que se preocupa bastante com a vida dos outros. A linha como uma pessoa sossegada que faz seu trabalho, não se deixando influenciar pelo o que as outras pessoas falam, comprovando um velho ditado: “quem ri por ultimo, ri melhor”. Assis procura além de tudo, que as pessoas ao lerem este conto, se identifiquem com algum personagem e com isso poderem perceber seus erros e acertos e procurar fazer com que os leitores reflitam sob seus atos para crescerem sempre na vida.


Opinião sobre o conto

A obra literária brasileira "Um Apólogo" está se referindo as personalidades das pessoas. Atualmente existem pessoas que são como a agulha citada no conto, trabalha para outros se beneficiarem, como também existem pessoas como a linha que só se beneficia quando uma agulha faz para ela o trabalho, querem ocupar o lugar das pessoas que lutam para crescer na vida. E devemos ser como os alfinetes que conseguem atingir seu objetivo sem que outros aproveitem dele e abre seu próprio caminho de avanço na vida. Assim seremos bem sucedido e grande na vida, sem que outros apóiem em nós.




Integrantes: Bruno de Lucca, n° 06
                  Iago Passaes, n° 13
                  João Paulo Santos, n° 16
                  Matheus Furlaneto, n° 30
                  Nicolas Pires, n° 34

terça-feira, 25 de setembro de 2012

"O Cortiço" - Aluísio de Azevedo 

A história


O livro começa contando a história de João Romão um português teimoso, ambicioso que conseguiu juntar dinheiro e comprar um pequeno estabelecimento comercial no Rio de Janeiro. Sua vizinha Bertolesa uma negra escrava fugida tinha uma pequena quitanda e economias, João como era ambicioso, se juntou com a escrava e com o dinheiro dela comprou pequenas propriedades de terra, onde começou a construir pequenas casinhas com o material mais simples.
Logo vieram os primeiros trabalhadores da pedreira que era ao lado do terreno de João, e o cortiço vai tomando forma, onde estão presentes a Machona, lavadeira gritalhona, que tem dois filhos não se pareciam uns com os outros, Alexandre, mulato pernóstico e Pombinha, moça franzina que se desencaminha por influência das más companhias, há também Rita Baiana, mulata brasileira sedutora e maliciosa, que andava amigada com Firmo, malandro valentão, a Bruxa que era uma senhora estranha e mais reservada, que era sempre procurada quando as mulheres tinham problemas com seus maridos ou de saúde, e por fim Jerônimo com sua família, este era homem trabalhador, bom marido e pai.
Há ainda o vizinho de João, Miranda um português rico e importante, que vem morar ao lado do cortiço para impedir que sua mulher o traia, logo quando se conhecessem João e Miranda não se dão bem, João por parte da riqueza e do prestígio de Miranda, e este porque não via com bons olhos o cortiço, temendo que invadisse o seu quintal.
No cortiço havia muitas festas principalmente aos domingos, tocavam músicas brasileiras, destacando principalmente Rita Baiana que com seu corpo seu charme fez Jerônimo perder a cabeça deixando Firmo com ciúmes. Até que em um dia em uma festa Firmo viu Jerônimo jogando charme para Rita, e acabou havendo uma briga entre os dois na qual Jerônimo levou uma facada na barriga, fazendo com que Rita sentisse pena dele ajudando ele a se recuperar.
Nesse tempo surgiu um novo cortiço na frente do de João, e logo houve intrigas entre eles o de João ficou apelidado como “Os Carapicus” e o da frente como o “Cabeça-de-Gato”, os moradores dos cortiços não falavam os outros a não ser para fazer provocações.
Quando Jerônimo se recuperou ele buscou vingança contra Firmo, que tinha ido morar no Cabeça-de-Gato, arma uma emboscada traiçoeira para o malandro e o mata a pauladas, fugindo em seguida com Rita Baiana, abandonando a mulher.
Querendo vingar a morte de Firmo, os moradores do "Cabeça-de-gato" travam séria briga com os "Carapicus". Um incêndio causado propositalmente pela bruxa atinge e destrói vários barracos do cortiço de João Romão pondo fim à briga coletiva.
O português, agora endinheirado, reconstrói o cortiço, dando-lhe nova feição e pretende realizar um objetivo que há tempos vinha alimentando: casar-se com uma mulher "de fina educação", legitimamente. Lança os olhos em Zulmira, filha do Miranda. Botelho, um velho parasita que reside com a família do Miranda e de grande influência junto deste, prepara o caminho para João Romão, mediante o pagamento de vinte contos de réis.
Logo Miranda e João, por interesse, se tornam amigos e o casamento é coisa certa. Só há uma dificuldade: Bertolesa  João Romão arranja um piano para livrar- se dela: manda um aviso aos antigos proprietários da escrava, denunciando-lhe o paradeiro. Pouco tempo depois, surge a polícia na casa de João Romão para levar Bertolesa aos seus antigos senhores. A escrava compreende o destino que lhe estava reservado, suicida-se, cortando o ventre com a mesma faca com que estava limpando o peixe para a refeição de João, e este sem se importar continua a sua vida normalmente já que conseguira o que queria, casar-se com Zulmira.
 A obra o Cortiço, gira em torno somente do cortiço de João Romão, da vida rotineira das pessoas, e como ele consegue corromper quem passa por lá, um exemplo disso é Jerônimo, homem trabalhador, bom marido e pai, que ao passar pelo cortiço conhece e se apaixona por Rita Baiana uma brasileira sedutora maliciosa que gosta de viver a vida de peito aberto. Disposto a ficar com ela Jerônimo abandona mulher e filha e vai morar junto com Rita longe do cortiço, se torna um boêmio cheio de dívidas, somente para fazer a mulher feliz.

Contexto Histórico

O livro trata de algo recente na época da abolição da escravidão, portanto, muitos trabalhadores não tinham dinheiro para ter uma boa condição de vida. Assim, começaram a surgir os cortiços, onde geralmente a população negra e mulata habitava-os. O que faz desse livro uma obra naturalista.

Análise do Grupo

Percebemos que o livro é bem detalhado, por isso a leitura acaba sendo meio lenta, porem é possível perceber como é o cotidiano daqueles que viviam nos cortiços na época, e pelos problemas pelos quais passaram, até com a polícia. Para nós o que mais chamou atenção no livro, foi que ele mostrou o modo como o meio interfere e modifica a sociedade, e o cortiço do livro seria exatamente o meio pelo qual acaba modificando as pessoas. O livro apesar de cansativo, obtêm muitos detalhes interessantes, quando analisado dessa forma. 

Bibliografia 

- Livro




Grupo: 

Ana Verônica - 02 
Geovanna Soldi - 10
Leticia Saud - 23
Sofia Maria - 36

Professora: Silvinha                                  Série: 2o A 
                                                                                                                      

O Espelho Machado de Assis


Resumo do conto “O espelho”
De
Machado de Assis

“Machado de Assis esboça em O Espelho uma nova teoria da alma humana, subtítulo que dá para o conto; aliás, um estudo sobre o espírito contraditório do homem, simbolizado pelo espelho. Tem como tema a alma humana, metaforizada no espelho. Carregado de simbolismo e significados que vão da filosofia à mitologia, o espelho é um antigo tema ligado à alma e, neste conto, representa a alma exterior de Jacobina, personagem principal da narração. O conto trata, pois, da dualidade da alma, da alma externa e da alma interna, do homem como um ser controvertido, dividido entre o consciente e o inconsciente”.

Cinco homens estão reunidos em uma sala. Quatro discutem metafísica enquanto um apenas ouve. Foi quando o ouvinte, chamado Jacobina (reconhecido principalmente por seu temperamento irritante, sua atenção, não gostava de debater, era inteligente e satírico, capitalista e provinciano, enfim, um típico burguês intelectual ) passou a palestrante, narrando um fato que ocorreu em sua juventude, aos vinte e cinco anos de idade. Quando Jacobina foi nomeado alferes da Guarda Nacional, todos os membros de sua família e alguns amigos passaram tratá-lo com mimos e cortesias, chamando-o apenas de alferes. Esta condição, explicava, levou-o a aceitar apenas uma das duas almas que formava o Homem. Sua personalidade atual deixava de existir permanecendo somente o título. Convidado há passar algumas semanas no sítio de sua tia Marcelina, ganha provisoriamente um espelho, onde é posto em seu quarto. Certa vez, Marcolina é levada a deixar o sítio sob a guarda de seu sobrinho. Jacobina então passa semanas sozinhas e, para acabar com a solidão resolve se olhar no velho espelho. No começo, vê a imagem desfocada, mas, ao colocar a farda, a imagem passa a se tornar nítida. O autor finaliza a narrativa dizendo que o melhor remédio que encontrara para acabar com a solidão era a certa hora do dia, por no mínimo duas horas, se olhar no espelho vestido com a farda de sua patente.

"Acho que posso explicar assim esse fenômeno: - o sono, eliminando a necessidade de uma alma exterior, deixava atuar a alma interior. Nos sonhos, fardava-me, orgulhosamente, no meio da família e dos amigos, que me elogiavam o garbo, que me chamavam alferes" (p. 350).

Outras informações:
O conto O Espelho, de Machado de Assis, foi publicado originalmente na Gazeta de Notícias em 1882 e reunido em livro com o título de Papéis Avulsos do mesmo ano. Esta obra, segundo alguns críticos de Machado, é uma espécie de divisor de águas e marca o ápice de seu amadurecimento literário e, portanto, é considerada um de seus melhores livros de contos.


Conclusão : 

Nos achamos que a ideia principal do conto é a reflexão sobre o universo e as duas almas do ser humano “uma que olha de fora para dentro e uma que olha de dentro para fora.”
Com isso vemos que o Espelho da casa de sua tia não mostrava apenas o reflexo
“Num momento preciso o alferes decide fitar o espelho – algo que não fazia havia algum tempo – e logo se depara com o reflexo de uma imagem difusa, corrompida. O vidro, cuja função é tão somente a reflexão de um objeto em sua porção exterior, exibiu o quanto a identidade de Jacobina (sua patente) estava danificada em razão da ausência dos outros. A falta de reconhecimento de si mesmo diante do espelho levou o personagem a negar aquela imagem em busca de uma forma para enxergar a si mesmo com nitidez. Surge-lhe, então, a ideia de se vestir com a farda de alferes: desta vez pôde ver com clareza os contornos, as formas e os detalhes como nunca.”
Concluímos que ele queria enxergar a si mesmo ao que ele realmente queria ser.


Referencias:

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Nomes :                                                        Nº:

Fernando Martins                                             07                                   
Murilo Ruv Lemes                                            31
Leandro pereira                                                38